Mudança e permanência : uma análise do repertório musical do Boi de Máscaras Faceiro de São Caetano de Odivelas - PA
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso embargado |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Música |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/55424 |
Resumo: | Na cidade de São Caetano de Odivelas, na microrregião do Salgado paraense, dançam os Bois de Máscaras no período da quadra junina. Uma brincadeira de Boi com seus próprios termos, tendo sua história relacionada com as dinâmicas sociais de uma comunidade pesqueira, localizada às margens do rio Mojuim. Os Bois de Máscaras atualizam-se anualmente. Seus grupos, com mais de oito décadas, exibem- se com vigor, ao mesmo tempo em que novos grupos surgem. Com repertório musical próprio, extenso e diverso, as orquestras de Boi entoam sambas e marchas (marchinhas), enquanto o Boi e os personagens que lhe acompanham dançam pelas ruas. Em constante expansão, os compositores odivelenses criam novas músicas a cada período junino. Essas músicas são elementos importantes para a identificação dos grupos. Na busca de compreender como acontecem os processos de estabilidade e mudança musical nos Bois de Máscaras, este trabalho se concentrou no repertório musical do Boi Faceiro. Este, que surgiu em 1937, teve um hiato de mais de cinquenta anos, sendo resgatado em 1998. O repertório do Faceiro é gerado a partir das composições de Mestre Benedito Aquino (Bené Careta), Wanelson Aviz, Raimundo Nonato e Nildo Zeferino. Compreendendo música como um dos subsistemas da cultura (CHADA, 2006), e estando ela profundamente relacionada com o contexto sociocultural na qual é produzida, buscou-se identificar como os conteúdos musicais foram elaborados na criação das músicas, considerando os aspectos do som e os elementos extramusicais, a fim de identificar a “unidade do pensamento musical” (NETTL, 2008), o conteúdo (MERRIAM, 1964), para então tentar compreender como as mudanças foram e são acomodadas. Além das transcrições e análises musicais, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e registros sonoros a partir do trabalho de campo etnográfico, que aconteceu desde 2018, possibilitando constatar que contexto sociocultural de São Caetano de Odivelas é definidor desse fazer musical. Sendo o cruzar dos “mundos musicais” das centenárias bandas de música – Rodrigues dos Santos e Milicia Odivelense – primordial para a sustentação das orquestras de Boi, que se expandiram a partir do fomento das escolas de música dessas bandas. A expansão das orquestras e consequente aumento do volume sonoro contribuiu para o desaparecimento das letras das composições, que atualmente são tocadas apenas de formar instrumental. O Boi Faceiro, ao propor um grupo musical fixo – a Orquestra Show – possibilita a interação cotidiana através dos ensaios e das performances, o que torna possível a execução de breaks planejados – as paradinhas – uma marca desse repertório musical. Com experimentações instrumentais e utilização de fragmentos musicais de outras composições – “música incidental” –, tem-se a inovação como uma premissa desse Boi, que manipula os recursos harmônicos e estruturais à maneira de cada compositor, a partir da unidade do pensamento musical, exibindo uma cultura estável, mas não estática. |