Sobre a adaptação dos clássicos literários para os quadrinhos: uma análise do "caso" Policarpo Quaresma

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Sá, Joane Leôncio de
Orientador(a): Ferreira, Ermelinda Maria Araújo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11475
Resumo: A resistência às mudanças sociais que influenciam diretamente na educação é um dos principais fatores do descompasso entre as demandas do mundo real e os programas e metodologias de muitas instituições de ensino no Brasil. No âmbito dos programas de formação em literatura, essa resistência determina o desconhecimento de práticas inovadoras de criação literária, e fomenta o preconceito contra gêneros híbridos e suportes alternativos ao do texto impresso tradicional, gerando a ideia errônea de uma tradução substitutiva, que grande prejuízo acarreta à compreensão do fenômeno adaptativo, tal como define Hutcheon (2011). A fim de aproximar dois formatos historicamente subestimados como leitura – mas em crescente reconhecimento diante dos novos cenários multimidiáticos e tecnológicos –, que são as adaptações e as Histórias em Quadrinhos, realizamos, neste trabalho, uma análise crítico-comparativa de três adaptações da obra de Lima Barreto Triste Fim de Policarpo Quaresma para as histórias em quadrinhos, a partir de uma abordagem que considera cada adaptação como nova obra, ligada ao texto fonte, porém independente dele. Para tanto, nosso trabalho será embasado nos estudos de Linda Hutcheon, em Uma teoria da Adaptação (2011). Também serão utilizados como suporte teórico Umberto Eco(1979; 1993; 2007), Roman Jakobson (2001) e Júlio Plaza (1987), quanto à questão de transmutação intersemiótica; e Wolfgang Iser (1996) e Hans R. Jauss (1994) quanto à Estética da Recepção. No que concerne ao formato das Histórias em Quadrinhos, apoiaremos nossa pesquisa nos autores Paulo Ramos (2010; 2011; 2012), Will Eisner (1999; 2005) e Waldomiro Vergueiro (1999; 2005); tendo ainda John Berger (1972) quanto à leitura de imagens, dentre outros teóricos da área. Verificamos como o processo de entendimento e de absorção de novas expressões literárias é lento e complexo: desde a produção, pela reconsideração da categoria autor também no âmbito da imagem, que não mais se assume como mero suporte ilustrativo do texto, reivindicando uma parceria com a palavra na criação da narrativa; passando pela ideologia editorial, que atravessa confusas etapas de entendimento, partindo do financiamento - governamental - em massa de paradidáticos entendidos como obras substitutivas e facilitadoras do texto ―original‖, até o reconhecimento dos quadrinhos como um gênero independente, que não tenciona substituir, facilitar ou encaminhar o leitor para o impresso, mas apenas dialogar com ele; até chegar ao receptor, alvo final de todo esse processo de metamorfose, que também tateia sem o devido direcionamento de uma escola e/ou de uma universidade mais esclarecidas, em meio ao esmagador universo de informações do mundo moderno.