Variabilidade do clima e cenários futuros de mudanças climáticas no trecho submédio da bacia hidrográfica do rio São Francisco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: ASSIS, Janaina Maria Oliveira de
Orientador(a): SOBRAL, Maria do Carmo Martins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Engenharia Civil
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/22481
Resumo: As variabilidades climáticas e possivelmente as mudanças climáticas têm intensificado a problemática da escassez hídrica, sobretudo em áreas áridas e semiáridas do planeta, com alteração nos padrões pluviométricos e na temperatura. O objetivo deste trabalho é analisar as tendências climáticas e os cenários climáticos futuros para o trecho Submédio da bacia hidrográfica do rio São Francisco, visando propor estratégias de mitigação e adaptação dos impactos da variabilidade climática nessa região. Para realização deste objetivo foram utilizados dados diários de precipitação pluviométrica de 36 postos pluviométricos no período de 1964 a 2014, fornecidos pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Agência Nacional das Águas (ANA). Foram também utilizados dados de anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do Oceano Pacífico Equatorial nas regiões de Niño 1+2, Niño 3, Niño 3.4 e Niño 4, e Índices dos oceanos Atlântico Norte (TNAI) e Atlântico Sul (TSAI) no período de 1964 a 2014, oriundos da base de dados da Administração Nacional do Oceano e Atmosfera (NOAA). Para geração dos cenários foram utilizados dados do modelo ETA para os anos de 2025 e 2055 adquiridos junto ao Centro de Previsão de Tempo e Clima do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE). Como metodologia, primeiramente foi utilizado o Índice de Anomalia de Chuvas (IAC) para caracterizar os períodos extremos secos e chuvosos, em seguida foi utilizado o software RClimdex para o cálculo de 11 índices de extremos climáticos, visando monitorar e detectar as mudanças do clima e alteração do padrão pluviométrico da região. Após o processamento do RClimdex foi realizada a correlação entre os 11 índices climáticos com os índices oceânicos do Pacífico e Atlântico. Foram simulados cenários futuros regionalizados para as variáveis precipitação e temperatura na região do Submédio São Francisco dos anos 2025 e 2055 com o modelo regional ETA. Por último, foram propostas estratégias para mitigação dos efeitos das variabilidades climáticas na região de estudo. Das análises efetuadas conclui-se que houve uma alteração no padrão pluviométrico do Submédio São Francisco. Os índices de extremos climáticos indicaram tendência negativa em praticamente todos os índices, com destaque para diminuição da precipitação total anual, e tendências positivas apenas para o índice de dias consecutivos secos, apontando um aumento considerável do número de dias consecutivos sem chuvas, situação que converge para a escassez hídrica na região. Constatou-se que as precipitações com tendências negativas são mais influenciadas pelas variações da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no oceano Pacífico em relação às variações no oceano Atlântico, evidenciando que o fenômeno El Niño influencia na redução das chuvas na bacia do Submédio São Francisco. Os resultados do índice de Anomalia de Chuva indicaram também modificação importante no padrão da precipitação, com aumento da ocorrência de anos secos em detrimento aos anos chuvosos. Diagnosticou-se que a partir da década de 1980 os anos secos passaram a predominar, se agravando na década de 1990, que se configurou como a mais seca de todo o período estudado, com a ocorrência de dois El Niños de forte intensidade. Os cenários climáticos mostraram que existe tendência de diminuição da precipitação em torno de 150 mm a 300 mm para os anos de 2025 e 2055. Já para a temperatura, estes cenários preveem aumento da temperatura em torno de 1ºC a 2ºC também para os anos 2025 e 2055, respectivamente. Por fim, as estratégias propostas visam mitigar os efeitos da escassez hídrica na região semiárida, indicando medidas adaptativas e preventivas às recorrentes secas que ocorrem na região.