O sentido numérico em crianças: um estudo comparativo entre crianças de escola pública e particular

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: RIBEIRO, Lêda Maria de Carvalho
Orientador(a): SPINLLO, Alina Galvão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8907
Resumo: Pouco investigado no Brasil, sentido numérico é tema amplo, que permeia os diversos conteúdos curriculares da educação infantil e do ensino fundamental. Por não se tratar de um conceito matemático específico ou de um conteúdo escolar, sentido numérico não é fácil de ser definido, mas pode ser entendido como uma boa intuição sobre os números, seus usos e suas relações. O sentido numérico pode ser reconhecido através de alguns indicadores e habilidades tais como: computação numérica flexível; julgamentos quantitativos e inferência; uso de âncoras; reconhecer um resultado como adequado ou absurdo; reconhecer a magnitude relativa e absoluta dos números; habilidade de compreender o efeito das operações sobre os números; usar e reconhecer que um instrumento ou um suporte de representação pode ser mais útil ou apropriado que outro; e reconhecer usos, significados e funções dos números no cotidiano. A partir de cinco tarefas distintas, a presente investigação examinou esses indicadores de sentido numérico em crianças da educação infantil em relação às operações de adição e subtração. Os participantes haviam recém concluído a educação infantil, sendo divididos em dois grupos: (a) 30 crianças de classe média-alta, alunas de escolas particulares, e (b) 30 crianças de baixa renda, alunas de escolas públicas. As crianças foram individualmente solicitadas a responder questões em cinco tarefas. A Tarefa 1 era composta por quatro perguntas abertas que tinham por objetivo examinar os usos e funções atribuídos pelas crianças às operações de adição e de subtração. A Tarefa 2 investigou a capacidade da criança em reconhecer a adequação de diferentes instrumentos e suportes de representação na resolução de operações de adição e de subtração. A Tarefa 3 examinou a capacidade de reconhecer e avaliar a adequação de estimativas relativas a resultados de operações de adição e de subtração. A Tarefa 4 examinou a capacidade de reconhecer se uma determinada situação envolvendo números era uma operação de adição ou de subtração. A Tarefa 5 explorou a compreensão da criança acerca do efeito das operações de adição e de subtração sobre os números quando a operação causava efeito inverso. Os dados foram analisados em função do número de acertos (quando apropriado) e das justificativas oferecidas pelas crianças. Comparações entre os grupos de participantes foram feitas em cada tarefa. Na Tarefa 1 os dois grupos tendiam, igualmente, a atribuir usos e funções puramente escolares às operações de adição e de subtração. Na Tarefa 2, ambos obtiveram desempenho semelhante, mas as crianças da escola particular apresentaram justificativas mais elaboradas. Na Tarefa 3, na Tarefa 4 e na Tarefa 5, as crianças da escola particular tiveram desempenho superior ao das crianças da escola pública, apresentando, ainda, um maior número de justificativas mais elaboradas. De maneira geral, os dados indicam que as crianças da escola pública apresentam um conhecimento matemático mais elementar quando comparadas às crianças da escola particular. Ao concluírem a educação infantil as crianças de baixa renda apresentam um sentido numérico pouco elaborado acerca da adição e da subtração, bem como apresentam certas limitações em explicitar verbalmente as justificativas acerca de seus julgamentos sobre as situações matemáticas apresentadas nas tarefas propostas. Os resultados obtidos contribuem para pesquisa na área de sentido numérico em crianças tanto do ponto de vista metodológico como na perspectiva de possibilidades de análise, fornecendo suporte empírico ao que a literatura na área se refere como indicadores de sentido numérico