A fábrica de tecidos da Macaxeira e a Vila dos Operários: a luta de classes em torno do trabalho e da casa em uma fábrica urbana com vila operária (1930-1960)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: SANTOS, Emanuel Moraes Lima dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Historia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/26365
Resumo: Este trabalho investiga a constituição de um sistema de fábrica com vila operária na área suburbana da cidade do Recife, na Fábrica da Macaxeira, oficialmente denominada de Fábrica de Apipucos (e depois Fábrica Coronel Othon), pertencente ao conglomerado Cotonifício Othon Bezerra de Mello, o qual reunia outras três fábricas, sendo duas no centro da cidade e outra localizada no subúrbio da Várzea. A Fábrica da Macaxeira, fundada no ano de 1895 pelos engenheiros Antonio Braz da Cunha e Alfredo Silva, somente veio a ter sua vila operária após ser adquirida pelo comerciante Othon Bezerra de Mello, no ano de 1925. Nesta data iniciou-se a consolidação de um sistema peculiar de dominação que previa o estabelecimento da mão de obra em torno do trabalho fabril, de modo que o controle industrial pudesse transbordar por sobre a esfera doméstica dos operários inquilinos da indústria. Esta relação vigorante entre o patronato e a mão de obra empregada residente na vila operária da fábrica pressupunha uma série de regramentos tácitos, os quais eram periodicamente atualizados através de cerimoniais institucionais paternalistas legitimadores da dominação econômica, política e social, demarcando todo o período histórico em que persistiu. Contudo, a emergência das contradições internas do sistema de fábrica com vila operária em meio ao contexto político e econômico nacional possibilitou o escancaramento da luta de classes na esfera pública com o fortalecimento do órgão de classe dos têxteis do Recife entre as décadas de 1940 e 1960. Com a ditadura de 1964 e a instituição do FGTS em 1965 foi desferido um golpe determinante para o enfraquecimento do sindicato, coincidindo com a política da administração fabril de perseguição e expropriação da história dos associados e dos “velhos operários”, cuja última vitória foi a conquista da inclusão das casas da vila operária nos “acordos” que eliminava dos quadros de empregados os últimos operários estáveis por lei. Paralelamente, o processo de desmonte da vila operária coincidiu com o processo de explosão demográfica do bairro da Macaxeira acarretando novos problemas à localidade, em franco processo de desindustrialização face a decadência do setor têxtil.