Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
ARAÚJO, Maria Aldenora Cabral de |
Orientador(a): |
GRIGOLETTO, Evandra |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Letras
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17831
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Resumo: |
Este estudo tem por objetivo analisar os efeitos do duplo estranhamento em relatos de participantes-aprendizes de inglês como língua estrangeira em contexto formal no Brasil. Tais relatos se organizam sobre a forma de amostras representativas de sequências discursivas advindas de diários reflexivos e de textos de opinião escritos em 2008 por sujeitos-aprendizes matriculados no Curso de Graduação de Letras de duas instituições superiores da cidade de Recife: Universidade Federal de Pernambuco e Faculdade São Miguel. Para a consecução do objetivo proposto, destacamos os seguintes questionamentos: (a) que configurações de identificações permeiam a (não)inscrição de sujeitos-aprendizes na língua inglesa? (b) que estratégias discursivas se tornam visíveis nas produções escritas de maneira a gerar estranhamentos? (c) o que fica interditado para esse sujeito na relação entre a LM e LE? Para a obtenção das respostas a estas indagações, inserimos a pesquisa na perspectiva teórica interpretativa que se encontra no espaço – conflituoso e tenso – entre as teorias da Análise do Discurso pêcheutiano, da Psicanálise lacaniana e da Desconstrução Filosófica derrideana, para refletir sobre a divisão incontornável do sujeito na sua relação com as línguas materna e estrangeira. Os resultados interpretativos apontam três pontos importantes. Primeiro, que os participantes em sua posição de sujeitos-aprendizes de inglês são todos atravessados por certo estranhamento naquela que consideram a língua do outro-estrangeiro, sem que se apercebam que o estranho é constitutivo da familiaridade com a suposta língua materna. Neste caso, é possível observar que somos, inevitavelmente, estrangeiros dentro do que nomeamos de “língua materna”, que não é propriedade de ninguém, a não ser pelas regras políticas e sociais que o ser humano inventa para (de)marcar fronteiras, fixar o instável, marcar o seu poder, submetendo outros à sua arbitrariedade, à sua lei; ou então pelas regras dos esquecimentos que criam a ilusão de que podemos ser originais ao atingir a completude do dizer. O segundo ponto interpretativo é que a língua estrangeira é marcada pelo confronto, pelo equívoco entre o que lhe foi instaurado pela língua materna (o desejo de unicidade, representante daquilo que já está inscrito no sujeito) e o que foi instaurado pela língua da desestabilização psíquica (o desejo de ver o estranho na forma do diferente, do não sentido, do não-comum e do incompleto). É neste contexto conflituoso que observamos surgirem estratégias inconscientes de arranjos e rearranjos para os processos de identificação como forma ou de apagar o estranho, ou de aproximá-lo do materno, ou de recusá-lo. O terceiro ponto é que, face ao estranho, discursos emergem através de diferentes movimentos de identificação do aprendiz: de dominação, de resistência ao outro, de adaptação, de não despersonalização, de não reconhecimento. |