Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
ARAÚJO, Karla Daniele de Souza |
Orientador(a): |
SAMPAIO, Maria Cristina Hennes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Letras
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/30988
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Resumo: |
No contexto do curso de Mestrado, a relação que se estabelece entre orientando e orientador pode ter várias configurações, o que motiva o questionamento: de que forma a orientação acadêmica pode promover espaços de construção de conhecimentos na formação do orientando? Para investigar essa questão, recorremos a duas frentes teóricas. Por um lado, a filosofia da linguagem de Bakhtin (1988, 1997) e a hermenêutica da facticidade de Heidegger (2003, 2012a), que se entrelaçaram, permitindo-nos observar a história que os sujeitos constroem discursivamente. Recorremos também à Ergologia (SCHWARTZ, 1998 e FAÏTA, 2002), através da qual trabalhamos a noção de orientação acadêmica como atividade. Participaram da pesquisa uma professora do PPGL da UFPE, juntamente com uma de suas orientandas de mestrado. O corpus analisado foi formado pela transcrição de três sessões de orientação acadêmica; entrevistas semiestruturadas feitas com as participantes; e versões da dissertação da orientanda. Observamos, respaldados pela Ergologia, que a atividade de orientação impeliu os sujeitos a lidar com questões institucionais e pessoais, através das normas que regulam suas funções. Identificamos cinco normas antecedentes, postas pelo Regimento do PPGL, que geraram ações de renormalização singulares, fundidas às individualidades dos sujeitos. Dois valores institucionais emergiram na atividade: o compromisso com a formação do pesquisador e a produtividade acadêmica. Dentre os valores pessoais, identificamos a busca pela autonomia como um imperativo importante para a orientanda; enquanto as ações da orientadora destacaram o valor do cuidado; como dupla, ambas demonstraram o valor da colaboração, da responsabilidade compartilhada. No plano da análise dialógica, tomamos o espaço e a temporalidade como caminhos para a escuta atenta dos discursos das participantes, apoiando-nos nos conceitos de exotopia e cronotopia. Pela noção de exotopia, vimos o gesto exotópico de acabamento da orientadora, tanto sobre a escrita da orientanda como em relação ao seu amadurecimento pessoal. Analisando os enunciados da orientadora, identificamos comentários a) sobre a estrutura do texto, b) sobre o conteúdo e a organização da pesquisa, c) de confrontação, d) de elogio, e) com indicações teóricas, e f) com sugestão de análise. Ainda que o comentário de elogio seja o mais confortável, foi na tensão que se deu a maior contribuição da orientação. Esse sentido pode ter um acento negativo, de autocracia e silenciamento, mas aqui vimos a tensão como pluralidade e possibilidade de mudança. Isso só é possível se houver um princípio de escuta à palavra do outro, fundado sobre o diálogo e guiado pela ética do ato responsável. Por sua vez, as respostas da orientanda evidenciaram um progressivo desenvolvimento na interpretação do objeto de estudo sob a sua perspectiva. Junto à voz da orientanda, o discurso de autoridade apareceu de modo bastante marcado através da referência teórica, indicando o reconhecimento e assimilação da palavra de autoridade. Por outro lado, vimos a exposição da palavra interna da orientanda como uma busca pela fala autêntica, que representa o sujeito em sua historicidade. |