Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1982 |
Autor(a) principal: |
COSTA, Maria Luiza B. de Mello Peres da |
Orientador(a): |
SCOTT, Russel Parry |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Antropologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17027
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Resumo: |
Este estudo analisa, de modo exploratório, o significado e conteúdo das relações de parentesco e de amizade de algumas famílias na cidade do Recife. Através da entrevista em profundidade e de alguma observação participante quando a situação a permitiu, foi estudado, em oito famílias, o efeito que as variáveis graus de riqueza, estágios do ciclo doméstico e sexo exercem na ênfase diferentemente atribuida pelos casais aos seus relacionamentos com parentes e com amigos. A análise simultânea das variáveis graus de riqueza e estágios do ciclo doméstico evidencia diferença na importância dada aos laços geracionais pelas famílias estudadas. A ênfase em laços verticais pela família de rico e de laços horizontais pela família de pobre indicam uma possível correlação existente entre possibilidades diferentes de organização da vida doméstica e determinados tipos de obrigação e relação familiares. Para a família de rico, por exemplo, a unidade de orientação constitui um ponto focal tanto econômico quanto social para os membros familiares da geração mais nova, exercendo em relação a estes, um tipo de força centrípeta refletida na permanência prolongada no lar e na dependência econômica e social dos filhos até idade relativamente tardia. O contrário ocorre com a unidade de orientação numa família de pobre. Neste tipo de família onde faltam recursos ã geração mais velha, os filhos serão dependentes de seus próprios esforços para terem profissões de maiores ganhos e prestigio que a geração mais velha. A força por esta exercida é do tipo que chamaríamos de centrífuga refletida no abandono cedo do lar pelos filhos a fim de aliviar o fardo economico da unidade de orientação, mas filhos esses que, juntos de longe, contribuem para a manutenção da casa paterna. É importante frisar que apesar da importância diferentemente atribuida aos laços geracionais pelas famílias de pobre e de rico, eles servem ao mesmo fim. Ambos os laços por se fundarem em obrigações, direitos e deveres inerentes às relações de parentesco,nivelam ou mantêm o indivíduo no mesmo estrato sócio-economico dos demais parentes constituindo, desse modo, um mecanismo eficaz na preservação da estrutura social vigente. É justamente neste ponto que a amizade se distingue do parentesco. As relações de amizade por se fundarem, ao contrário das relações de parentesco, na troca recíproca equilibrada entre iguais, constituem o canal alternativo mais seguro de acesso a recursos necessários ã mobilidade social do indivíduo. O exame do conteúdo das trocas nas relações de parentesco e nas de amizade segundo as variáveis consideradas põe ainda a descoberto a forte segregação sexual existente nos tipos de família estudados como também a importância para o homem do seu engajamento em atividades culturalmente definidas como economicamente produtivas para fins de poder, identificação e prestígio social. A perda de status do velho pobre aposentado, por exemplo, aparece como resultado do seu afastamento dessas ditas atividades. Os dados mostram através da análise das relações de parentesco e de amizade das famílias sob os aspectos interrelacionados de graus de riqueza, estágios do ciclo doméstico e sexo a coexistência de dois mundos: um mundo do lar, onde estão as mulheres ricas e pobres, jovens e velhas e o aposentado velho pobre, tidos como meros consumidores. mas também considerados como produtores em potencial quando se fizer necessário; e um mundo da rua, esfera de onde o homem tido como economicamente ativo tira seu poder, identificação e prestígio social. |