Ensaio sobre educação e literatura: entre o calcanhar de Aquiles e os devaneios de Alice

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: CELESTINO, Rafaela Soares
Orientador(a): BRAYNER, Flávio Henrique Albert
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25676
Resumo: O presente trabalho tomou a forma do ensaio para refletir acerca do debate entre literatura e educação. Assim, utilizamos os estudos de Brayner (2015) sobre as críticas dos fundamentos da educação e sua proposta da literatura como possibilidade em repensar o repertório linguístico da área. Tendo em vista que uma das suas principais teses é que a linguagem desgastada e repetida pode ser uma tentativa desesperada de resgatar um discurso do passado que já não encontra sentido de existir no presente. Por isso, esboçamos nossas ideias em torno das temáticas sobre leitura literária e experiência. Essa última, por sua vez, pautada nos alicerces discursivos desenvolvidos por Walter Benjamin (2012) e, posteriormente, adotados por Larrossa (2016). No geral, defendemos que a experiência repousa sobre aquilo que nos passa e nos acontece, são aqueles acontecimentos que, de alguma forma, deixam marcas em nossa trajetória e que ainda somos capazes de recontar. Partimos da perspectiva literária porque acreditamos em algumas potencialidades próprias de sua linguagem, como a narrativa ficcional, a imaginação e o descompromisso com certa moralidade. No entanto, não a tratamos como um fim em si mesma, por isso ecoamos a noção de que para além de todos os dispositivos dominantes de nossa sociedade, algo escapa enquanto indivíduos. A forma como realizamos a leitura, como a recepcionamos ou até mesmo a negamos depende muito mais da forma como atribuímos sentido para ela do que qualquer projeto que tente direcionar nossa visão de mundo. Perpassando tal pensamento, queríamos “escutar” algumas narrativas sobre a experiência literária, para saber quais usos fizeram (fazem) dela em sua trajetória de vida. Pois, em nossa tese defendemos que o sentido da experiência, a partir do literário, acontece muito mais pelas influências de elementos diversos na vida desses leitores do que necessariamente pelos processos sistemáticos das leituras que puderam experimentar. Nesse contexto, não acreditarmos que a experiência literária é ensinável. Nossas análises mostraram que o tipo e o sentido atribuídos à experiência com a leitura literária tiveram muito mais a ver com espaços e atores pertencentes a seu espaço privado do que outros ambientes mais direcionados. Tais investigações também revelaram que as situações de leituras (familiares realizando a leitura em voz alta, teatros em casa, declamação de poemas, a presença de leitores em casa, aspectos materiais da leitura, como o prazer pela aquisição do livro, entre outros) apareceram muito mais nas narrativas do que o conteúdo da leitura literária que realizaram. Embora, o literário tenha sido apontado como lugar de viver experiências não possíveis em suas relações cotidianas. Por fim, concluímos que se a linguagem literária pode nos provocar enquanto revisão sobre as nossas formas de pensar perante o mundo, já que ela nos retira de nossa comodidade de pensamento, o que pode contribuir para rever o debate educacional, por outro lado, o estudo mostrou que não são pelas vias pedagógicas que as experiências irão acontecer. Sendo assim, continuamos no impasse sobre em que medida pode nos ajudar a literatura.