O alargamento da compreensão a partir do conflito das interpretações : uma tarefa da Filosofia no Ensino Médio à luz de Paul Ricoeur

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: SANTOS, Marcelo Alves
Orientador(a): SANTIAGO, Maria Betânia do Nascimento
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Profissional em Filosofia (PROF-FILO)
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/34420
Resumo: A presença da disciplina de filosofia no ensino médio pode viabilizar aos estudantes um processo de abertura mental em que ele admita possibilidades variadas de explicação para um mesmo problema. Só isto já demonstraria o quanto essa presença da filosofia é significativa na formação dos jovens. Ancorando-se nas ideias do filósofo Paul Ricoeur, pode-se afirmar que o conflito das interpretações, no chão da hermenêutica, provoca o alargamento da compreensão. Com seu estilo dialético, o pensador integra todas as etapas da hermenêutica e depois propõe para ela “um sentido a mais”, a ser alcançado no diálogo do texto com o intérprete, isto é, na dinâmica da leitura. Cada interpretação, pela sua estrutura e pelo seu conteúdo, revela um novo modo de ser. Na explicação do texto, ou melhor, na dialética entre explicar e compreender, quando a intepretação pode atingir cientificidade com a participação subjetiva do leitor, novos sentidos aparecem. Como pontos de vista, interpretações diferentes trazem visões diferentes. Pelo conflito das interpretações, a visão se amplia, a compreensão se alarga. Eis uma significativa tarefa para a filosofia no ensino médio. O professor, agora também filósofo, exegeta e árbitro, assume a tarefa de propor a leitura de textos filosóficos que tenham uma linguagem mais acessível a iniciantes, trazendo deles sua explicação e arbitrando o conflito de interpretações variadas. Seguindo orientações metodológicas de Amedeo Giorgi, a proposta de atividade pedagógica, enquanto pesquisa qualitativa, teve esse intuito. A partir de uma abordagem fenomenológica, o texto é entendido como o dado que gera o fenômeno na dinâmica da leitura. Assim, a explicação de vários textos sobre o tema da liberdade, com ênfase nas perspectivas da suspeita, tornou possível aos estudantes manifestarem os sentidos de que se apropriaram e o confronto das interpretações lhes possibilitou ainda mais o alargamento da compreensão. Esses aprendizados depreendidos da leitura de algumas obras de Ricoeur mais voltadas ao problema da interpretação, colocados em diálogo com autores da atualidade que tratam do ensino de filosofia como problema filosófico, fornecem elementos significativos a uma filosofia da educação e podem levar o professor a uma revisão de sua prática pedagógica, inclusive nos seus aspectos mais didáticos.