Como os evangélicos discutem política? : a constituição do crente-cidadão entre os jovens universitários da igreja de Silas Malafaia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: MAURICIO JUNIOR, Cleonardo Gil de Barros
Orientador(a): CAMPOS, Roberta Bivar Carneiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39075
Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal compreender a forma como os crentes pentecostais constituem-se a si mesmos como sujeitos na relação com a política. Levando em consideração os embates públicos ocorridos na esfera pública brasileira em torno das questões relativas aos direitos sexuais e reprodutivos, e que colocaram em lados opostos igrejas pentecostais e movimentos sociais, afirmo que os fiéis ordinários dessas igrejas têm recebido de seus líderes a incumbência moral de se posicionarem politicamente em suas vidas cotidianas na defesa de temas caros aos seus sistemas de valores. “Crente também é cidadão” e, por isso, “tem de se posicionar” é o que recomenda aos seus liderados o pastor Silas Malafaia, um dos líderes pentecostais mais polêmicos no que diz respeito aos embates contra os movimentos sociais. Diante desse novo código moral no qual uma cidadania política é atrelada à constituição de um sujeito religioso, pretendo saber como se dá esse processo, que chamo de constituição do crente-cidadão, no dia a dia dos fiéis e em suas relações fora da igreja. Antes, no entanto, é necessário analisar o modo de atuação dos pentecostais na esfera pública brasileira, já que este é o cenário mais amplo no qual os crentes ordinários estão inseridos e com o qual dialogam a fim de se constituírem enquanto sujeitos. Chamo de pentecostaharsh esse modo de atuação, uma vez que, ao contrário de como o pentecostalismo vai a público em Gana, segundo Birgit Meyer, a partir de seu entrelaçamento com a cultura, e deste modo espalha-se suavemente pela esfera pública ganense, o pentecostalismo brasileiro apresenta um estilo baseado no peso do confronto, movendo-se na esfera pública a partir do estabelecimento de controvérsias. Para compreender esse modo de atuação pública do pentecostalismo fiz trabalho de campo em dois eventos promovidos pelo pastor Silas Malafaia, realizados em Brasília: a inauguração de uma filial de sua igreja no mesmo fim de semana dos protestos pelo impedimento da presidente Dilma Rousseff, em Março de 2016 e o Ato Profético pelo Brasil, que se deu logo após a votação que aprovou o prosseguimento do processo de impeachment na câmara dos deputados, onde líderes de várias denominações evangélicas reuniram-se, sob a liderança de Malafaia, para orar pela nação profetizando dias melhores. Para dar conta especificamente da constituição do crente-cidadão, realizei trabalho de campo com observação participante na sede nacional da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, localizada no bairro da Penha, na cidade do Rio de Janeiro, a igreja do pastor Silas Malafaia. Participei das reuniões de um grupo específico, o Universe, responsável por debater a vida cristã na universidade e munir os jovens de argumentos legítimos para discutirem e defenderem os pontos de vista da igreja em suas respectivas faculdades. Com isso, pretendo mostrar como os jovens crentes da igreja de Malafaia dão conta dessa missão em suas vidas cotidianas, principalmente na faculdade, e definem a sua conduta ética em meios às tensões políticas que têm caracterizado a sociedade brasileira atualmente.