Swing: Troca de casais ou troca de mulheres?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: TEIXEIRA, Marina Duarte
Orientador(a): SCOTT, Russell Parry
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16363
Resumo: Contemporaneamente tem-se assistido a um crescimento vertiginoso de adeptos e curiosos do swing, também conhecido como troca de casais. Tal fenômeno é acompanhado de toda uma produção discursiva. A academia começa a tomar parte nesse debate, em particular as Ciências Sociais nos estudos de gênero, sexualidade, família e modernidade. Este trabalho faz parte desse esforço. Por se constituir num campo de investigação ainda pouco explorado, a pesquisa buscou etnografar as dificuldades específicas de executar um estudo numa área em que se misturam segredo, exposição, intimidade, publicidade, militância e mercado. Pela natureza do objeto, a escolha do método etnográfico também se fez oportuna para apreender as subjetividades e emoções envolvidas nessa prática, além de poder contrastar o discurso institucionalizado swing com falas, relatos, dinâmicas e expressões corporais dos seus participantes. A partir dos swings observados, não é possível caracterizar o swing como uma atividade praticada por casais. Para além dos casais de fato, há tanto casais arranjados quanto participantes desacompanhados. Também caracterizar o swing como ideologia ou prática libertária seria negar a realidade dos swings observados que se mostraram, salvo exceções, muito mais como um reflexo ampliado das relações sociais que os swingers criticam. Por outro lado, não é possível afirmar que toda a diversidade de motivações e tipos de participantes constituem realidades paralelas ao “verdadeiro swing”, objeto de disputa dos swingers, e sim que todas elas são constitutivas do swing e essenciais para o seu entendimento. Se à primeira vista o swing, devido a seus discursos e à própria natureza da atividade, parece contestar a monogamia e a institucionalização do casamento, a observação de campo aponta em sentido oposto. O swing se mostra como uma atividade de atualização do casamento monogâmico heterossexual enquanto norma social e, principalmente, como protótipo da institucionalização da reprodução das relações de gênero. Partindo dessa contradição, é possível entender a ambiguidade de imagens projetadas dentro e fora do swing sobre seus participantes, tornando suas identidades dicotômicas e fluidas, ora portadores de um segredo ou de um estigma, ora de um traço distintivo; são eles, a um só tempo, revolucionários e amantes da ordem. Também é a partir do entendimento do swing como prática em prol do casamento, e levando em conta também sua abertura para o mercado, que se pode compreender suas características, ambiguidades e contradições constitutivas. Por fim, é possível afirmar que o swing, ou troca de casais, não se mostrou uma prática que se realiza mediante a troca de casais, ao menos não nos swings pesquisados. A mulher, no swing, independente do seu status de esposa, namorada, amiga, amante, acompanhante, é virtualmente uma esposa e se constitui num atributo masculino, índice de virilidade, necessário ao homem para participar das trocas simbólicas com seus pares, que mantêm a estrutura de gênero ativa.