História metamórfica de um platô oceânico : o exemplo do Complexo Raspas, Equador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: SILVA, Salviano Pereira da
Orientador(a): BARRETO, Carla Joana Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Geociencias
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48939
Resumo: Platôs oceânicos são porções da crosta anomalamente espessas cuja origem é associada a grandes volumes de magma oriundos de plumas mantélicas. A maior parte do seu registro é apenas acessível como fragmentos acrescionados em margens ativas. Contudo, apesar de modelos matemáticos preverem a possibilidade de platôs oceânicos serem subduzidos não existem registros de fragmentos que atingiram grandes profundidades e exumados, como eclogitos e xistos azul. Nesse trabalho são apresentadas evidências geoquímicas, geocronológicas e de modelagem termodinâmica que provam a subducção e exumação de platôs oceânicos. A partir desses dados discutirá o caminho tectônico percorrido a partir da assinatura metamórfica imprimido em eclogitos e xistos azuis. O estudo teve foco no Complexo Metamórfico Raspas, localizado no sudeste do Equador. Esse complexo ofiolítico de alta pressão é majoritariamente composto por eclogitos, metaultramáficas e xistos azuis além de incipientes assembleias retrógradas como xistos verde e granada anfibolitos subduzidos no Cretáceo Inferior. A assinatura geoquímica demonstra similaridades com N-MORB e E-MORB e material originados em uma fonte mantélica heterogênea (Zr/Nb – 7.69-112.66). Durante a ascensão da pluma mantélica houve o aumento do grau de fusão parcial (Sm/Yb 0.94-1.95) e empobrecimento do material (La/Yb 0.76-6.86). Devido sua elevada espessura as porções mais internas possivelmente receberam menos energia térmica vinda do manto, ou pelo menos o aquecimento foi mais lento. O que foi refletido na diferença de ~100 °C registrada pelos eclogitos e xistos azuis, permitindo a preservação da assembleia formada nos estágios iniciais pelos xistos azuis. O início do evento de alta pressão é marcado pela formação da assembleia winchita + paragonita/fengita + epidoto + quartzo ± clorita no xisto azul em 490 °C/1.15 GPa durante a colisão do platô com a margem Andina facilitado pela sua menor densidade comparado a uma crosta oceânica normal. Resultando em uma compressão isotérmica durante a formação de núcleos de granada em 523 °C/1.68 GPa. No eclogito essa fase é registrada pela assembleia onfacita + katoforita + clinozoisita + granada + quartzo ± fengita entre 598-661 °C/1.43-1.63 GPa. Durante a subducção, à medida que o platô oceânico era transformado em eclogito o aumento de densidade resultante favoreceu o aumento do ângulo de subducção. Esse processo possivelmente gerou um adelgaçamento do platô visto que as porções mais rasas com menor densidade resistiam à subducção enquanto as regiões mais densas, já transformada em eclogito, “puxavam” o platô para o manto. Isso é refletido no aquecimento isobárico imprimido nos eclogitos durante a formação de granadas em atol (709 °C/1.61 GPa) e em uma leve descompressão com aumento de temperatura durante a formação de granada (borda) + fengita + clinozoisita + onfacita + winchita + quartzo entre 570-590 °C e 1.4-1.7 GPa no xisto azul. Idades Ar/Ar em fengita no eclogito indicam que a exumação ocorreu em 129 Ma, logo após o principal evento de alta pressão ocorrido em 133 Ma. O metamorfismo retrógrado impresso durante a exumação caracteriza-se por uma descompressão isotermal. A qual é representada pela assembleia pargasita + Mg-hornblenda + albita + epidoto + clorita (450-550 °C /< 0.6 GPa) que substitui em graus variados os xistos azuis. A trajetória metamórfica durante a exumação somado a rápida duração da mesma (1.25-0.5 cm/ano) indicam que o principal mecanismo de exumação foi um slab breakoff regional consistente com o mecanismo previamente proposto à outras ocorrências na Colômbia.