Processos de civilização e sofrimento : uma interpretação do pensamento de Norbert Elias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: FARIAS, Daniel Costa
Orientador(a): PETERS, Gabriel Moura
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/52585
Resumo: Esta pesquisa teórica buscou analisar a relação entre sofrimento e os processos sociogenéticos de individualização, nos trabalhos de Norbert Elias. Com isso, investigamos a natureza do sofrimento na obra do sociólogo com o intuito de estabelecer as deficiências e qualidades da sua explicação sociológica sobre essa temática. Na primeira parte, demonstro as principais ideias, noções e conceitos como interligadas à sua teoria dos processos civilizadores. Nesse sentido, procuramos conectar a sua principal teoria, a interiorização dos controles sociais e o autocontrole das emoções, com as mudanças provocadas pela composição e pacificação do Estado, com seus outros estudos, mostrando que esse é o fio norte do trabalho do sociólogo. Na segunda parte, dividida em dois capítulos, procuramos mostrar a noção de sofrimento por meio de sua teoria sociológica. Assim, descrevemos e analisamos as principais formas de sofrimento que aparecem no decorrer da obra de Elias. Debatemos as principais características das dores e misérias humanas, sua gênese e como se apresentam durante a história. Nessa etapa, qualificamos a noção de sofrimento como relevante em sua obra. Por fim, na última parte do trabalho, relacionamos os principais conceitos de Elias, como sociogênese e individualização, com a ideia de sofrimento, determinando as contribuições e deficiências da explicação sociológica eliasiana. Nesse ponto, os principais aspectos da sua tese são questionados. Para Elias, o sofrimento é processual, relacional e socio-histórico. Assim, nas sociedades modernas, os processos de individualização alteram as configurações onde o sofrimento está inserido. Ou seja, conforme avançam os processos de individualização aumenta a sensibilidade para as dores e misérias. Refletimos acerca da análise do autor no que diz respeito à correlação entre estruturas sociais e estruturas de personalidade. Por conseguinte, a sua explicação da formação deficitária do habitus social como causa de sofrimentos também é averiguada, pelo fato ser pouco falseável. Concluímos essa tese afirmando que, mesmo com a originalidade e contribuição de sua proposta e perspectiva socio-histórica para a sociologia, e ao renovar o paradigma freudiano do mal-estar na civilização, a análise eliasiana apresenta deficiências principalmente no que diz respeito ao seu caráter explicativo dos processos sociais que geram sofrimento.