Avaliação do potencial anti-inflamatório e antinociceptivo de Miconia minutiflora (Bonpl.) DC. (Melastomataceae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: CARRAZZONI, Aline Stamford Henrique da Silva Guerra Gatis
Orientador(a): SILVA, Teresinha Gonçalves da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós Graduação Rede Nordeste de Biotecnologia - RENORBIO
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25963
Resumo: As espécies da família Melastomataceae destacam-se por possuírem propriedades antimicrobiana, antitumoral, analgésica e antimalárica. Dentre os gêneros da família Melastomataceae, o gênero Miconia compreende 1/4 das espécies conhecidas. Tendo em vista poucos estudos relatados na literatura sobre espécies de Miconia, este trabalho teve como objetivo avaliar o perfil fitoquímico, toxicidade a atividades farmacológicas dos extratos hexânico, acetato de etil e metanólico das folhas de M. minutiflora. O perfil fitoquímico foi analizado por cromatografia em camada delgada. O teor de fenóis totais e a atividade antioxidante foi determinada através do método do DPPH (2,2-difenil-1- picril-hidrazil). O extrato de metanólico de M. minutiflora (Mm-MeOH) foi submetido à cromatografia líquida de alta eficiência com matriz de detector de diodo (CLAE -DAD) para a identificação dos principais polifenóis bioativos. Para avaliar a segurança de utilização dos extratos, foram feitos testes de citotoxicidade frente a várias linhagens de células e a toxicidade aguda in vivo. Para a realização dos testes in vivo foram utilizados camundongos albinos Swiss e ratos Wistar (n = 06). O potencial anti-inflamatório foi avaliado através dos modelos de bolsão de ar e edema de pata induzidos por carragenina, permeabilidade vascular, edema de orelha induzido por óleo de cróton e pleurisia induzida por carragenina com determinação dos níveis de citocinas (TNF, IL-1β) e óxido nítrico (NO), dos exsudatos inflamatórios. Para a avaliação da atividade cicatrizante, foi utilizado o método de ferida excisional. Na avaliação da atividade antinociceptiva foram utilizados os testes de contorções abdominais induzidas por ácido acético e o teste da formalina. A ação do extrato frente aos receptores adrenérgicos e opióide também foi avaliada. A triagem fitoquímica do Mm-MeOH indicou a presença de compostos fenólicos, derivados antracênicos, esteroides e triterpenos no Mm-MeOH. O CLAE-DAD revelou a presença de ácido gálico, ácido elágico e rutina no Mm-MeOH. Este extrato apresentou maior concentração de fenólicos totais, como também melhor atividade antioxidante e baixa citotoxicidade frente à linhagem J774.A1 (inibição de 8,8%). No teste de toxicidade aguda, não foi observada nenhuma variação significativa no peso, consumo de ração e água e no peso dos órgãos em relação aos animais do grupo controle, cujo valor da DL50 foi superior a 2.000 mg/kg. Mm-MeOH (100 mg/kg) inibiu a resposta inflamatória, reduzindo amigração leucocitária no teste do bolsão de ar (70%), a formação do edema de pata na terceira hora de observação (40%), como também reduziu a produção da MPO. O Mm-MeOH também reduziu a permeabilidade vascular (56%) e o edema de orelha. Houve redução da migração leucocitária no teste da pleurisia, como também diminuição dos níveis de TNF e IL-1β no exudato pleural. A formulação a base de Mm-Meoh 10% (FSSMm) apresentou atividade cicatrizante significativa, principalmente no 14º dia após a incisão, com aumento do percentual de contração da ferida (90 ± 4 %) e progressos na remodelação do tecido danificado, incluindo a formação de anexos cutâneos, quando comparado ao grupo controle. Mm-MeOH apresentou atividade antinociceptiva com a redução do número de contorções abdominais (58,9%) e aumentou a limiar da dor no teste da formalina. Este extrato reverteu à ação antinociceptiva quando os animais foram pré-tratados com um antagonista α2-adrenérgicos, entretanto não reverteu a a ação antinociceptiva quando os animais foram pré-tratados com naloxona. Podemos concluir que Mm-MeOH possui ação anti-inflamatória, antinociceptiva, cicatrizantes e baixa toxicidade. A atividade anti-inflamatória está associada à inibição da migração leucocitária, da liberação de aminas vasoativas e citocinas pró-inflamatórias (TNF e IL-1β). Em relação à atividade antinociceptiva, o Mm-MeOH atua na dor inflamatória, pelo menos em parte, ativando os receptores α2-adrenérgicos.