Otomicose : diagnóstico e novas estratégias para o controle, prevenção e tratamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: BUONAFINA, Maria Daniela Silva
Orientador(a): NEVES, Rejane Pereira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia de Fungos
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/32356
Resumo: A otomicose é infecção fúngica oportunista do conduto auditivo externo cujos principais agentes etiológicos são espécies de Aspergillus e Candida. Essa micose é caracterizada por prurido, otorreia e otalgia, e um importante fator de virulência de alguns desses patógenos é a capacidade de formar biofilmes. Tais estruturas aderemse a superfícies as quais podem ocasionar maior dano ao paciente devido a recorrências mais frequentes dessa micose além de resistência a tratamento com antifúngicos. Desta forma, esta pesquisa objetivou detectar, isolar e identificar fungos em amostras clínicas de pacientes com otite fúngica que fazem ou não uso de aparelho auditivo, e buscar novas estratégias para a prevenção, controle e tratamento da otomicose. Fungos foram isolados do conduto auditivo de pacientes com otomicose e identificados por meio da taxonomia clássica e molecular. Foram sequenciadas as regiões ITS e o domínio D1/D2 da região LSU, e os genes da calmodulina e β-tubulina, e no caso de otomicose bilaterial foi analisada a região GTG5 dos isolados. Após crescimento em meio de cultura, uma suspensão foi ajustada para uma concentração desejada de células. Produziram-se biofilmes em placas de microdiluição, nas quais células foram incubadas nos tempos de 24, 48 e 72h e o biofilme quantificado através da solução cristal violeta e de MTT. A atividade antifúngica in vitro das célulasplanctônicas, do biofilme e da determinação do sinergismo, foram avaliados pelo método de microdiluição em caldo, de acordo com o Clinical and Laboratory Standards Institute utilizando o anfotericina B, fluconazol, cetoconazol, ciclopirox olamina, octopirox olamina, derivados tiossemicarbazônicos e D-limoneno. A otomicose foi diagnosticada em 15 pacientes, com idade média de 28 anos; 60% era do sexo masculino. O fator de risco prevalente foi a presença da perfuração timpânica com inflamação exsudativa. Foram isolados e identificados 19 espécimes entre Aspergillus awamori, A. flavus, A. fumigatus, A. niger, A. parasiticus, A. pseudonomius, A. sydowii, A. tamarii, Candida parapsilosis, Millerozyma farinosa e Talaromyces funiculosus. Todos isolados formaram biofilme e tiveram maior atividade metabólica após 24h. As concentrações inibitórias mínimas obtidas de anfotericina B foram 0,125 a 4μg/mL; fluconazol, 16 a 64μg/mL, cetoconazol, 0,03 a 8μg/mL; itraconazol, 0,03 a 0,5μg/mL; ciclopirox olamina, 0,5 a 16μg/mL, e octopirox olamina, 0,5 a 4μg/mL. Derivados de tiossemicarbazonas, L3, L8 e L9, e o limoneno também tiveram atividade contra os isolados. L3, variou de 4 a 1024μg/mL; L8, 2 a 256 μg/mL; L9, 2 a 512 μg/mL, e o limoneno, 32 a 1024μg/mL. Além disso, constatamos sinergismo entre octopirox olamina e o limoneno. Também se verificou a atividade antifúngica no tratameto dos biofilmes de 18 isolados em pelo menos um dos tratamentos. Espécies de Aspergillus continuam sendo os agentes etiológicos mais frenquentes em casos de otomicoses. É cada vez mais claro que uma grande maioria destes fungos tem a capacidade de formar biofilmes e devido a este fato, são refratários ao tratamento desta micose, o que representa um grande problema para os pacientes, uma vez que a dose necessária para erradicar os agentes etiológicos, pode exceder o máximo atingível terapeuticamente as concentrações de antifúngicos.