Resumo: |
Conhecidas por urtiga, as espécies pertencentes ao gênero Cnidoscolus despertam grande interesse científico. Possuem, entre outras, atividade antiinflamatória e antitumoral do sistema genito-urinário, antimicrobiana e anti-séptica. Os objetivos desta tese foram determinar o perfil fitoquímico e avaliar a atividade biológica dos extratos brutos e frações de quatro espécies medicinais de Cnidoscolus (C. infestus Pax & K. Hoffm., C. pubescens Pohl, C. quercifolius Pohl e C. urens (L.) Arthur) presentes em levantamentos etnobotânicos da Caatinga. As coletadas foram realizadas nos estados de Pernambuco (Altinho e Buíque) e Paraíba (Soledade) e o material testemunho foi depositado no Herbário UFP Geraldo Mariz do Centro de Ciências Biológicas/UFPE. O conteúdo de fenóis totais e taninos foram determinados pelo método Folin-Ciocalteu e o conteúdo de flavonóides pelo método de complexação com cloreto de alumínio. A atividade antioxidante foi analisada pelo ensaio do DPPH e ensaio quelante do íon ferroso (FIC). A caracterização fitoquímica foi realizada por cromatografia em camada delgada com eluentes e reveladores específicos. O método de difusão em ágar e Concentração Inibitória Mínima (CIM) foram utilizados para determinar a atividade antimicrobiana dos extratos brutos e frações. A toxicidade seletiva foi avaliada frente às larvas de Artemia salina Leach e a atividade citotóxica frente às linhagens HT-29, Hep-2 e NCI-H292 pelo método do MTT. Os níveis de fenóis totais variaram de 3,58 ± 0,16 mg equivalentes de ácido tânico (EAT)/g nas cascas de C. quercifolius a 23,00 ± 0,10 mg EAT/g nas folhas de C. pubescens. As partes aéreas de C. infestus e cascas de C. quercifolius não exibiram taninos enquanto que as folhas de C. pubescens possuem os mais elevados níveis (8,72 ± 0,16 mg EAT/g). As folhas de C. pubescens apresentaram o maior conteúdo de falvonóides (39,37 ± 0,57 mg equivalente de rutina por grama), entretanto, suas raízes não apresentaram esta classe. O extrato bruto das raízes de C. infestus apresentou o melhor resultado antioxidante pelo ensaio do DPPH, enquanto que o extrato bruto das raízes de C. pubescens foi mais eficiente no ensaio FIC. Comparativamente, a atividade antioxidante qualitativa correlacionou-se com a atividade antioxidante quantitativa. Os fitoquímicos presentes em todas as amostras foram cumarinas e terpenóides, enquanto que alcalóides e naftoquinonas não foram confirmados. A presença de uma mesma cumarina (Rf 0,35) nas amostras sugere um padrão que poderá ser usado como marcador químico para estas espécies. Os extratos foram ativos frente às bactérias Gram-positivas e inativos frente às Gram-negativas. O extrato bruto metanólico das cascas de C. quercifolius apresentou CIM entre 250-500 μg/mL frente às bactérias Staphylococcus aureus, S. coagulase negativa e Enterococcus faecalis e sua fração diclorometanólica apresentou CIM entre 62,5-250 μg/mL frente às cepas de Staphylococcus multirresistentes. Todos os extratos foram considerados tóxicos frente às larvas de A. salina (CL50 entre 165-675 μg/mL). Os extratos de C. infestus (atividade frente Hep-2 e NCI-H292), das cascas de C. quercifolius (atividade frente HT-29 e Hep-2) e das partes aéreas de C. urens (atividade frente Hep-2 e NCI-H292) mostraram inibição de crescimento celular e o extrato das raízes de C. urens apresentou concentração inibitória média (IC50) de 20,3 ± 6,33 μg/mL contra a linhagem Hep-2. Esta tese fornece valiosas informações sobre substâncias com potencial antioxidante, antimicrobiano e citotóxico do gênero Cnidoscolus e os resultados obtidos apontam para a descoberta de novos compostos ativos |
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