Dinâmica alimentar de Eriphia gonagra (Fabricius, 1781) (Crustacea: Decapoda: Eriphiidae) em duas áreas recifais com diferentes graus de impacto antrópico no Nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: SANTANA, Julianna de Lemos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Oceanografia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29701
Resumo: Pesquisas sobre alimentação de crustáceos abrangem diversos fatores de grande importância ecológica, como a relação com a biota e com o meio em que habitam, além de características da anatomia digestiva, do hábito alimentar, da capacidade de forrageio e do seu potencial para a cultura. O objetivo deste estudo foi conhecer a alimentação de Eriphia gonagra e correlacionar com os impactos sobre a espécie em duas áreas recifais em Maceió (Alagoas) no Nordeste do Brasil, expostas a resíduos derivados de atividades de pesca (Ipioca) e descarga de esgoto (Ponta Verde). As expedições foram realizadas mensalmente no período de setembro/2015 a agosto/2016. O comportamento alimentar dos indivíduos em campo foi observado através de um binóculo a cerca de 10 metros de distância. Após as coletas, os indivíduos foram mensurados, dissecados e tiveram os conteúdos estomacais removidos e analisados, e foram calculadas a frequência de ocorrência e indíce alimentar para verificar a influência de cada item alimentar na alimentação total dos indivíduos coletados. As variações da alimentação foram correlacionadas com os estágios de muda e de maturação gonadal, bem como sazonalidade e parâmetros abióticos aferidos no local. Também foram coletados alguns indivíduos para experimentos de oferta alimentar em laboratório, que foram alocados vivos em aquários individuais ao ar livre. Após um dia sem alimentação, foram ofertados grupos de alimentos encontrados no local de coleta como macroalgas, moluscos, poliquetas e outros crustáceos. Um total de 375 indivíduos foram analisados, sendo 168 em Ipioca e 207 na Ponta Verde. Houve diferenças significativas nos conteúdos estomacais das espécies em ambas as áreas, pois na Ponta Verde os indivíduos ingeriram mais macroalgas e detritos, enquanto em Ipioca a alimentação foi mais diversificada e com itens de origem animal. Por outro lado, na região de Ipioca, foi constatada a ingestão de plástico, provavelmente pelo descarte inadequado de materiais de pesca. Apesar da frequência considerável de plástico nos estômagos, o índice alimentar indica que os plásticos têm valores baixos em relação ao volume total de alimento encontrado nos estômagos de E. gonagra. Isso mostra que a espécie sofreu com resíduos de atividades antrópicas em Ipioca e, embora provavelmente não seja no momento, pode ser um fator que proporcionará altas taxas de mortalidade no futuro se a quantidade de lixo aumentar no ambiente marinho. Em campo, os indivíduos que estavam em atividade alimentar foram encontrados nas bordas das tocas em 91.25% das vezes, alimentando-se da cobertura algal do recife ou de moluscos. Os 7.75% restantes estavam em partes mais secas e altas dos recifes, alimentando-se de macroalgas. O hábito críptico desta espécie fica assim bastante evidenciado, tendendo os indivíduos a alimentar-se próximo a locais onde possam se esconder e se defender de predadores. Em laboratório, a preferência de Eriphia gonagra esteve dividida entre macroalgas, preferindo estes itens a presas móveis como moluscos, ouriços e poliquetas. As fêmeas apresentaram comportamento canibal, alimentando-se de machos e fêmeas de sua própria espécie, possivelmente por disputa territorial ou estresse do ambiente laboratorial.