Biomonitoramento da poluição em recifes de coral utilizando o peixe donzelinha Stegastes fuscus como organismo sentinela

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: ALVES, Maria Karolaine de Melo
Orientador(a): CARVALHO, Paulo Sérgio Martins de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Animal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38764
Resumo: Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) são compostos orgânicos de significativo potencial tóxico presentes na composição do petróleo e derivados que podem contaminar ecossistemas aquáticos costeiros através de diversas atividades antrópicas, incluindo acidentes ambientais. Recifes de coral são ecossistemas aquáticos com importância ecológica e econômica pelos diversos serviços ecossistêmicos que propiciam. Stegastes fuscus (Cuvier, 1830), conhecida como peixe-donzela, é uma espécie chave dos recifes de coral brasileiros, e este trabalho teve como objetivo a aplicação de metodologias de monitoramento ecotoxicológico com esta espécie sentinela para o monitoramento de ambientes recifais costeiros. Nesse estudo foram realizadas análises espaciais e temporais de HPAs biliares e biomarcadores bioquímicos em Stegastes fuscus em 5 áreas recifais ao longo da costa pernambucana e alagoana, entre setembro de 2018 e outubro de 2019, incluindo período imediatamente após a contaminação da costa pernambucana e nordestina por petróleo emulsificado, de setembro a outubro de 2019. A bile dos peixes foi analisada por fluorescência fixa para estimar a dose interna biliar para os HPAs naftaleno (Nafbile), fenantreno (Fenbile), criseno (Cribile) e pireno (Pirbile). Os biomarcadores bioquímicos analisados foram as enzimas de biotransformação de fase I (etoxiresorufina ortodeetilase, EROD) e fase II (glutationa S-transferase, GST), de defesa antioxidante (catalase, CAT), lipoperoxidação (TBARS) e acetilcolinesterase (AChE). A análise espacial da dose biliar interna dos HPAs em Stegastes fuscus indicou que peixes da área recifal da praia de Serrambi apresentaram menores medianas para naftaleno e fenantreno, enquanto que peixes da área recifal de Japaratinga, apresentaram menores medianas para criseno e pireno, em comparação com as áreas recifais de Boa Viagem, Paiva e Suape. Além disso, amostras de Japaratinga apresentaram níveis basais relativamente estáveis dos biomarcadores bioquímicos analisados, e foi caracterizada como área referência regional aceitável para comparações entre os locais. A quantificação dos HPAs biliares foi diagnóstica de um aumento significativo da bioconcentração de HPAs pelos peixes do Paiva e de Suape decorrentes da contaminação pelo petróleo que atingiu estas praias. Após o evento de contaminação por petróleo no litoral, foi verificado aumento significativo na área recifal impactada da Praia do Paiva de Fenbile, Cribile e Pirbile de 378%, 342% e 358%, respectivamente, relativos aos valores observados na área de Japaratinga. Na área recifal impactada de Suape, foi verificado aumento significativo de Fenbile, Cribile e Pirbile de 104%, 89% e 170%, respectivamente, relativos aos valores observados na área de Japaratinga. Além disso, o aumento dos HPAs biliares criseno e pireno, que são conhecidos como potenciais indutores da enzima de biotransformação de fase 1 (EROD), esteve associado a um aumento da atividade da EROD pelos peixes do Paiva e de Suape após a contaminação pelo petróleo de 599% e 484%, respectivamente, quando comparados com a atividade da EROD nas amostras de Japaratinga. A atividade da enzima de defesa antioxidante catalase também aumentou em 254% e 261% nas áreas do Paiva e Suape, respectivamente, quando comparadas a atividade da catalase nas amostras de Japaratinga. A análise das atividades da GST, AChE e da peroxidação lipídica (TBARS) não apresentaram uma associação significativa com os HPAs biliares. O uso da espécie Stegastes fuscus como organismo sentinela para o monitoramento de áreas recifais costeiras através da análise dos biomarcadores ecotoxicológicos fluorescência de HPAs na bile, EROD e CAT se mostrou sensível e eficiente na identificação de padrões espaciais de contaminação e alterações biológicas causadas por HPAs nas áreas recifais analisadas, antes e após o evento de contaminação por petróleo na costa pernambucana.