Vivências sexuais de mulheres jovens usuárias de crack

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: AGUIAR, Cibele Maria Duarte de
Orientador(a): ARAÚJO, Jaileila de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/14233
Resumo: Esta pesquisa se insere na área de conhecimento dos estudos sobre sexualidade em interface com questões de gênero e geração. Nosso objetivo foi analisar as vivências sexuais de mulheres jovens usuárias de crack e as repercussões de tais práticas em suas vidas. Partimos da perspectiva do construcionismo social que compreende a organização eminentemente social do mundo a partir das práticas discursivas. Para construir e analisar os dados, utilizamos a Análise Crítica do Discurso, que foca sua atenção nas relações de poder presentes nos discursos. Primeiramente, debatemos os aspectos gerais do uso de crack, enfatizando a feminização de tal uso e políticas públicas que atuam junto aos usuárias/os. Posteriormente, discutimos questões relativas à juventude, gênero e sexualidade, que atravessam a vida das usuárias, considerando-as sujeitos de direitos sexuais e direitos reprodutivos. Buscamos desenvolver um olhar interseccional por todo trabalho. A partir da abordagem qualitativa, realizamos a pesquisa em serviço de tratamento intensivo para usuários de álcool e outras drogas da cidade do Recife. Utilizamos observações participantes e entrevista semiestruturada com 03 mulheres jovens entre 18 e 29 anos. Os diários de campo nos auxiliaram nas considerações desenvolvidas sobre a instituição e políticas públicas. Observamos que as jovens viveram em bairros marcados por violência e tráfico, em contextos de dificuldade de acesso à saúde, educação, lazer e habitação, configurando uma condição de vida marcada pela miséria e exclusão social. Neste cenário, elas iniciaram o uso de crack e, por algumas vezes utilizarem o corpo para conseguirem droga, vivenciaram situações de risco, seja por agravos à sexualidade ou por violência física. Por vergonha de assumirem que vivem sua sexualidade ou que são usuárias de crack, dificilmente elas chegam às unidades de saúde, ficando desassistidas. Percebemos que há distanciamento e indiferença das relações em contexto familiar. As jovens têm planos positivos para suas vidas após a saída da instituição, entretanto, observamos a ausência de projetos profissionais. Acreditamos que uma abordagem psicossocial que as ajude a descobrir atividades que possam, minimamente, contribuir para a construção de independência financeira colabora na quebra dos ciclos de uso, indicando que este é um importante ponto a se investir no período de tratamento.