A recepção e circulação das neurociências no campo educacional brasileiro: um olhar a partir da perspectiva transpessoal integral de Ken Wilber

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: VASCONCELOS, Maria Carolina Souto de
Orientador(a): FERREIRA, Aurino Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33221
Resumo: O conhecimento neurocientífico tem se apresentado como uma promessa de acréscimo e desenvolvimento ao campo educacional. A neuroeducação surgiu como uma disciplina que propõe o embasamento nos fundamentos neurobiológicos da aprendizagem para melhorias das práticas educacionais e da formação de professores(as). O que pode representar a redução da concepção de educação apenas ao processo cognitivo que se implica. Compreendendo que a aproximação entre as neurociências e educação não se dá ao acaso, pretendemos, através deste estudo de caráter qualitativo bibliográfico: 1) analisar os contornos teóricos e conceituais da relação neurociências e educação, quais circunstâncias são estudadas, os principais métodos, bem como, as principais temáticas abordadas; 2) investigar como as neurociências têm sido pesquisadas por autores brasileiros, sobretudo nas áreas de educação e psicologia da educação; 3) indicar como as abordagens neurocientíficas têm influenciado ou contribuído na elaboração de estratégias e práticas educacionais, assim como na formação de professores(as); e 4) analisar quais argumentos são utilizados para justificar a aproximação das abordagens das neurociências no campo educacional brasileiro. Utilizamos como fundamento e estratégia de pesquisa a metodologia de Pesquisa Transpessoal, pautada na concepção do desenvolvimento humano integral de Ken Wilber, dentro do que se convencionou chamar de Investigação Intuitiva. Através da realização dos cinco ciclos fenomenológico-hermenêuticos da Investigação Intuitiva pudemos identificar que os discursos neurocientíficos têm se apresentado em pesquisas de teses e dissertações do campo educacional brasileiro principalmente a partir da década de 2010. A realização das análises fenomenológico-hermenêutica e lexicométrica, através do software IRaMuTeQ, mostrou que a aproximação entre os campos é atravessada pelas diferenças epistemológicas, ontológicas e metodológicas, e que uma das estratégias de para o estabelecimento de aspectos comuns é a utilização de teorias do desenvolvimento e cognitivistas. Dentre as principais temáticas abordadas estão as funções executivas, atenção e memória, assim como diagnósticos e transtornos do desenvolvimento e da aprendizagem. O conceito de aprendizagem presente nos estudos mostrou-se principalmente relacionado aos processos de atividade cerebral e indissociável do conceito de memória, procurando se conectar ao campo educacional a partir de teorias de aprendizagem. A valorização do aspecto biológico se mostra como o principal argumento para o diálogo entre os campos, proporcionando o desenvolvimento de estratégias e tecnologias para facilitação dos processos de aprendizagem. Identificou-se que essa valorização do aspecto biológico é também o que suscita a resistência do campo da educação à recepção e circulação dos discursos neurocientíficos. A partir da perspectiva transpessoal integral de Wilber, pudemos compreender a relação das neurociências e educação a partir da compreensão do humano como ser multidimensional, e, portanto, como uma relação que aborda diferentes aspectos que coexistem de modo indissociável, e, portanto, compõem a educação como um processo integral.