Os usos do livro didático de português: os professores e as suas maneiras de fazer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: CAVALCANTI, Taíza Ferreira de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Educacao Contemporanea / CAA
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17345
Resumo: Compreendendo que o paradigma sociointeracionista tem apresentado novas perspectivas para o ensino de língua portuguesa e que essas perspectivas podem ou não influenciar o modo como os professores utilizam os livros didáticos, desenvolvemos um estudo cujo objetivo consistiu em investigar como professores de língua portuguesa utilizam livro(s) didático(s) de português, especialmente nas aulas de gramática/análise linguística. Para tanto, referenciamo-nos em discussões teóricas sobre saberes e práticas docentes (cf. CERTEAU, 1998; CHARTIER 2000, 2005; FERREIRA, 2007, TARDIF, 2008; TARDIF; RAYMOND, 2000; SILVA, 2012; 2013), assim como naquelas dedicadas ao ensino de língua portuguesa e/ou o uso de livros didáticos (cf. MENDONÇA, 2006; ANTUNES, 2009; BUNZEN, 2009; ROJO, 2007). Como procedimentos metodológicos, realizamos, inicialmente, uma sessão de grupo focal com professores de língua portuguesa de uma escola da rede estadual de ensino de Pernambuco. Em seguida, realizamos observações de aula e entrevistas com dois dos participantes do referido grupo, os quais foram selecionados tendo como critério a utilização frequente do livro didático em sala de aula. Para analisar os dados, utilizamos a técnica de análise do conteúdo, conforme Bardin (2012). A análise dos dados gerados a partir dos procedimentos mencionados evidenciou que a professora Alice associava o uso do livro adotado a outros manuais e, ao utilizá-los, tentava aproximar suas práticas de ensino de perspectivas mais “inovadoras”. Essa docente, apesar de reconhecer a necessidade de mudança, sentia-se, algumas vezes, desafiada ao tentar incorporá-las em seu cotidiano. Por isso, quando julgava necessário, recorria a práticas de ensino com características mais conservadoras. Já o professor Mário preferia conduzir suas práticas segundo perspectivas mais tradicionais de ensino, as quais eram validadas por seus saberes pré-profissionais. Nesse contexto, o professor Mário, ao utilizar o livro adotado, buscava explorar os recursos por ele disponibilizados que se identificavam com essa perspectiva. Os resultados evidenciaram, ainda, que a professora Alice e o professor Mário apresentavam visões diferenciadas acerca do LDP que adotaram. Entretanto, ambos buscavam construir um uso autônomo desse recurso e de outros que utilizavam, pois, na maioria das aulas, não os usavam linearmente, nem reproduziam fidedignamente as atividades que eles sugeriam. Ao contrário, buscavam adequar o uso desses recursos às urgências de suas práticas cotidianas. Desse modo, os docentes “burlavam” o que era proposto pelos LDs, “fabricando táticas” para usá-los. Por meio dessas táticas, construíam suas “maneiras” particulares de “consumir” as orientações dos livros, sem almejar reproduzir teorias acadêmicas sobre o ensino da língua ou reproduzir as prescrições dos LDPs. Diante disso, percebemos que, no contexto investigado, os LDPs não constituíam recursos que limitavam a atuação dos professores, mas como instrumentos que podem desencadear uma multiplicidade de práticas. Portanto, não convém olharmos os docentes como reprodutores desses materiais, mas, sim, como sujeitos autores de suas práticas, que possuem saberes específicos para conduzir cada situação de ensino no âmbito de suas salas de aulas.