Pode o subalternizado imaginar? : mídia, consumo e subjetivação, um estudo com trabalhadoras domésticas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: SILVA, Carla Sellan da
Orientador(a): ROCHA, Maria Eduarda da Mota
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41512
Resumo: Se o mundo das profissões está oficialmente aberto à participação feminina, como explicar a persistente divisão desigual do trabalho? A desigualdade não atinge uniformemente todas as mulheres, e é preciso entender como as hierarquias estão postas dentro da estrutura de gênero. As mulheres negras, mais que as mulheres brancas, são aquelas que devem desempenhar as funções mais desvalorizadas, além de serem maioria na informalidade. Por que as coisas se passam dessa forma? A relação entre o que se convencionou chamar “grau de cultura” dos sujeitos (tradicionalmente aferido observando-se as classificações escolares) e o posicionamento destes na moderna hierarquia de classes é uma constante nas pesquisas recentes sobre desigualdade social. Este estudo pretende demonstrar que a distribuição dos sujeitos nas hierarquias sociais está, de fato, diretamente associada à relação que eles estabelecem com a cultura, contudo, esta pesquisa diverge das demais principalmente quanto ao entendimento daquilo que se considera cultura. Nas sociedades colonizadas não devemos supor a existência de uma, mas de várias culturas, provenientes de matrizes distintas e fomentadoras de ethos distintos. No Brasil, estas diferenciações relacionam-se estritamente com a variável racial. Essa pesquisa observa a relação dos indivíduos com as culturas pela perspectiva do consumo audiovisual, ou dos processos cognitivos que permeiam este consumo, observando seu desenrolar na mente de uma trabalhadora doméstica negra e de uma trabalhadora doméstica branca, provenientes da mesma família. Em que pontos a imaginação destas mulheres diverge e em que pontos ela converge? Que efeitos estas diferenças e semelhanças exercem sobre as hierarquias sociais? A temática da imaginação, captada através do exame dos produtos sinalizados como favoritos, permite-nos observar a alma sensível destas trabalhadoras, seus sonhos e anseios, onde são gestadas as novas possibilidades de existência. Na escolha das interlocutoras, o trabalho doméstico é eleito como foco de observação, uma vez que, no Brasil, essa é a função que “melhor” agrega as desigualdades e persistências que permeiam os temas raça, gênero e trabalho. A pesquisa se baseia em levantamento bibliográfico e coleta de dados empíricos, realizada através da combinação de três técnicas qualitativas: história de vida, entrevista estruturada e questionário de consumo.