O papel desempenhado pelas experiências extraescolares na construção do sentido de número em crianças

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: CRUZ, Maria Soraia Silva
Orientador(a): SPINILLO, Alina Galvão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/15518
Resumo: A compreensão da criança sobre o que representam os números, para que eles servem e quando utilizá-los é construída tanto em função do seu desenvolvimento cognitivo quanto por meio das suas experiências cotidianas. Como resultado da relação entre o intelecto e o meio, a criança descobre pouco a pouco quais as funcionalidades do número e passa a compreendê-lo como aquilo que nos permite contar, ordenar ou nomear alguma coisa. O fato é que quando a criança consegue pensar sobre os números, o seu sentido numérico vai se ampliando. Por sentido de número compreende-se uma boa intuição sobre números nas diversas situações do cotidiano, sejam escolares ou extraescolares. Um sentido de número bem desenvolvido torna o indivíduo capaz de pensar sobre relações numéricas e espaciais e discutir sobre as mesmas utilizando as convenções da própria cultura. Considerando o exposto, o objetivo do presente estudo foi investigar o papel desempenhado por diferentes experiências extraescolares na construção do sentido de número de crianças estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental. As experiências extraescolares consideradas nesta pesquisa estiveram associadas a dois contextos de moradia distintos: o contexto Família e o contexto Instituição. Participaram do estudo 100 crianças de nível socioeconômico baixo, divididas em quatro grupos: Grupo 1: Vinte e cinco crianças que moravam com seus familiares e que estavam no 1° ano do ensino fundamental. Grupo 2: Vinte e cinco crianças que moravam com seus familiares e que estavam no 2° ano do ensino fundamental. Grupo 3: Vinte e cinco crianças que moravam em instituição de acolhimento e que estavam no 1° ano do ensino fundamental. Grupo 4: Vinte e cinco crianças que moravam em instituição de acolhimento e que estavam no 2° ano do ensino fundamental. A pesquisa foi composta por duas atividades: (i) Avaliação do sentido de número com todas as crianças da amostra, a partir da aplicação de um instrumento que contemplou o conhecimento intuitivo sobre números, operações e medidas; (ii) Observações nos contextos domésticos de 20 crianças, sendo 10 do contexto Família e 10 do contexto Instituição, a fim de examinar as atividades matemáticas que as mesmas realizavam em suas moradias. O desempenho das crianças no instrumento foi analisado estatisticamente em função do número de acertos. Já as observações foram analisadas qualitativamente em função da natureza das atividades matemáticas realizadas, do ambiente e das interações sociais. Os resultados relativos ao instrumento de avaliação mostraram que, no geral, as crianças do contexto Família tiveram melhor desempenho que as crianças do contexto Instituição. E que apenas as crianças do 2º ano do contexto Família parecem ter se beneficiado com a escolarização em alguns dos aspectos avaliados do sentido de número. A análise das observações evidenciou diferenças quanto às atividades matemáticas realizadas em cada contexto. Em geral, o contexto família apresentou maior diversidade quanto à natureza das atividades, quanto aos espaços onde ocorreram tais atividades, quanto às pessoas que interagiam com a criança e quanto à qualidade das interações com os adultos. Conclui-se que as atividades matemáticas vivenciadas nos diferentes contextos de moradia resultam em diferentes tipos do sentido de número; e que determinadas características das atividades matemáticas realizadas no contexto doméstico podem torná-las mais favoráveis que outras à construção desta competência.