Vivências estressoras, violência autoinfligida e comportamento suicida em universitários

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: FIAMONCINI, Carolina Maciel
Orientador(a): LIMA, Murilo Duarte Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Neuropsiquiatria e Ciencia do Comportamento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/40237
Resumo: Os estudantes universitários representam uma parcela específica da população jovem em que os comportamentos de risco têm crescido, tornando-se foco de atenção da Organização Mundial de Saúde. A violência autoinfligida, por exemplo, possui elevada prevalência. Estudos recentes demonstram que esse cenário pode persistir na idade adulta, principalmente entre aqueles com hábito repetido de autolesões ao longo da adolescência. Dentre os diversos fatores associados, a presença de bullying e estresse acadêmico se sobrepõem entre as demais variáveis. O objetivo do estudo foi avaliar a associação entre presença de vivências estressoras com o comportamento suicida e violência autoinfligida em jovens universitários. Vivências estressoras em questão consiste em experiências prévias desagradáveis, tais como o bullying na escola, bem como experiências universitárias atuais, como o bullying na faculdade e presença de estresse acadêmico. Trata-se de estudo observacional, analítico, de corte transversal, realizado na Universidade Federal de Pernambuco, com universitários entre 17 a 64 anos. Foi realizada análise comparativa e de estimativa de probabilidades entre as variáveis preditoras. Em uma primeira fase, as variáveis sociodemográficas e de rastreamento de bullying foram colhidas através de instrumento criado pelos pesquisadores. As informações sobre a presença de comportamento suicida, de autolesão não suicida e vivências acadêmicas estressoras foram obtidas com questionários padronizados. Os dados foram tabulados na planilha Excel e analisados por técnicas de estatística descritiva e inferencial através do software IMB SPSS na versão 23.0. A margem de erro utilizada na decisão dos testes estatísticos foi de 5%. Os intervalos para OR foram obtidos com 95,0% de confiança. Para avaliar a associação entre as variáveis dicotômicas foi utilizado o teste Qui-quadrado de Pearson. Para as demais variáveis foi obtido valor do OR com respectivo intervalo de confiança. Em uma segunda etapa, foi criado um modelo de regressão logística multivariada para análise da probabilidade de comportamento suicida entre as que apresentaram valor de p < 0,20 no estudo bivariado, sendo consideradas significativas apenas as variáveis com nível de 5%. 609 indivíduos constituíram a amostra final, sendo 329 estudantes da área de humanas e 280 da área de saúde. Foram evidenciadas associações significativas entre a experiência de ser vítima de bullying na escola e o comportamento autolesivo, de sofrer bullying na faculdade com o comportamento suicida e entre o estresse acadêmico e o comportamento suicida. Isso demonstra a existência de um panorama complexo dentro do ambiente acadêmico. O risco de comportamento suicida esteve associado com o fato de pertencer à área de Humanas OR 2,00 p< 0,001 (IC 95% 1,41-2,54); de estar sofrendo estresse acadêmico OR 2,3 p< 0,015 (IC 95% 1,02-2,27). Alunos pertencentes à área de humanas, com estresse acadêmico e que sofrem bullying possuem uma probabilidade de apresentar comportamento suicida da ordem de 60,2%. Os fatores associados ao risco de comportamento suicida identificados neste estudo, devem ser levados em consideração no planejamento eficaz da gestão de riscos dentro da Universidade com vista à redução de tais comportamentos.