Desconforto sonoro em pessoas com transtorno de pânico e autorrelato de sintomas sensoriais concomitantes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: SILVA, Tamires Lima da
Orientador(a): SIMAS, Maria Lúcia de Bustamante
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49716
Resumo: A percepção auditiva tem sido pouco explorada nos transtornos neuropsiquiátricos e pouco se sabe sobre a relação entre o Transtorno de Pânico (TP) e alterações na percepção e sensibilidade auditiva, uma vez que, estudos dessa natureza são escassos. Todavia, há relatos clínicos de suscetibilidade a certos sons em indivíduos com este transtorno, que pode se traduzir no que chamamos de desconforto sonoro. A partir disso, o presente estudo teve como objetivo avaliar se estímulos sonoros de varreduras de frequências puras e trechos musicais causam desconforto em pessoas com TP. Participaram da pesquisa 42 voluntários, sendo 32 mulheres e dez homens, com idade entre 20 e 49 anos, divididos em dois grupos, 21 do grupo clínico com TP (GP) e 21 do grupo controle sem transtorno neuropsiquiátrico (GC). Foram enviados a ambos os grupos: o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), o Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o Inventário de Percepção de Estresse e Estressores de Benzoni (IPEEB), todos adaptados, utilizados para rastreio e para evidenciar os sintomas clínicos de cada grupo. Depois dos questionários respondidos, foi marcado um encontro remoto via Google Meet. Nesta etapa foram aplicados: o questionário para verificar os aspectos sociodemográficos e sintomas clínicos de TP relatados, o questionário de Autorrelato de Alterações Sensório-perceptuais (ArASP) e o Teste de Apreciação Sonora (TAS). Os dados coletados mostraram que o GP não apresentou quaisquer desconforto auditivo com as varreduras de frequências sonoras puras, entretanto, mostrou sensibilidade e desconforto com duas sequências reversas das sequências da música “Play The Game”. No ArASP, houve diferença significativa entre o GC e o GP com o GP apresentando médias maiores em todas as alterações sensoriais e significantemente diferentes quando comparadas com as médias do GC (alterações visuais: 52,76 ± 28,80; p=0,000; alterações auditivas: 105,76 ± 61,85; p=0,000; alterações olfatórias: 54,33 ± 39,21; p=0,011; alterações gustatórias: 59,57 ± 35,89; p=0,000; alterações corporais, mais gerais: 178,14 ± 54,63; p= 0,000). Observa-se que as principais alterações demonstradas no GP foram as auditivas e as corporais. Considerando os inventários adaptados BAI, BDI e o IPEED, estes mostraram médias significantemente maiores no GP, quando comparado com o GC, revelando voluntários mais ansiosos (54,86 ± 12,53), depressivos (46,6 ± 7,98) e apresentando estresse expressivo (76,52 ± 24,69) no GP. Entretanto, o TAS não correlacionou com os testes de rastreio, nem com os sintomas clínicos relatados de TP. Porém, o ArASP correlacionou significante e fortemente com BAI (r=0,76) e significante e moderadamente com sintomas de pânico (r=0,52), com BDI (r=0,61) e com Estresse (r=0,69). Consideramos a baixa tolerância auditiva observada para algumas sequências musicais no caso do GP, como sinais precoces de sofrimento sensorial possivelmente relacionado ao TP. Também é importante destacar que alguns destes achados são novos e contribuem na qualidade de achados originais com a literatura sobre TP, que é extremamente escassa, limitada e carente, sobretudo em experimentos e resultados abrangendo pesquisas com foco percepto-sensoriais. São achados que podem auxiliar pessoas com TP antes do agravamento dos episódios de pânico assim como identificar pessoas que possam estar em risco, em vias, ou no processo, de desenvolver o transtorno.