Reconsiderando a materialidade no sítio arqueológico Macaguá I

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: SENA, Vivian Karla de
Orientador(a): ALLEN, Scott Joseph
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Arqueologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/25483
Resumo: Os contextos de contato no Nordeste do Brasil foram estudados por muito tempo com base em analogias históricas diretas, através de descrições de tipos de artefatos. Esses artefatos por sua vez, têm se prestado a interpretações fundamentadas no resultado das mudanças culturais ocorridas em contextos de interação, como o caso do discurso da rápida substituição de cultura material indígena com a inserção de elementos e técnicas de confecção importados da Europa, ou mesmo o desaparecimento de tipos específicos de artefatos, como o lítico. O estudo da materialidade do contato centrado na mudança ou substituição de objetos materiais tem motivado a percepção de culturas estáticas que se estende até a pré-história, limitando a leitura de contextos materiais e sociais complexos que antecedem na maioria das vezes, a chegada de europeus. Aliados a esse discurso, arqueólogos têm explicado as mudanças culturais a partir de tipologias e taxonomias de objetos, sem considerar que os contextos em que se desencadearam tais situações foram responsáveis pela produção de objetos materiais que participaram ativamente na construção de mundos materiais e idealizados. A identificação de artefatos cerâmicos em associação com o padrão de assentamento concebidos no interior do modelo da Tradição Tupiguarani nesses contextos arqueológicos tem tido um papel fundamental na reafirmação de discursos de mudança cultural. O sítio Macaguá I, alocado na Microrregião de Serra de Santana, no semiárido Potiguar, tem sido um dos alvos dessa leitura de uma materialidade concebida no seio de abordagens ecológicas da cultura. Nele foram identificadas cerâmicas com decoração policroma em associação com miçangas de vidro azul, trazidas da Europa a partir do século XVI. Nas explicações simplistas que se deram desse contexto material percebi que o reconhecimento do padrão de assentamento Tupi associado à percepção normativa dos elementos técnicos dos objetos cerâmicos não representam a realidade da complexidade percebida nas expressões da materialidade que porventura estão presentes nesse contexto. Essa discussão perpassa ainda os limites da interpretação arqueológica da materialidade presente em situações sociais de interação chegando até mesmo a ser influenciada pela práxis da arqueologia com a escolha de metodologias adequadas ao estudo desse contexto específico. O uso de reducionismos para explicar a formação da materialidade nesse contexto pode ser demonstrado pela dicotomia que se coloca na relação entre os dados objetivos resultantes do uso do método hipotético dedutivo e do uso de interpretações teóricas mais amplas, com preceitos do evolucionismo e da teoria de médio alcance para explicar o comportamento social e cultural de sociedades no passado. Com o objetivo de reconsiderar e compreender a materialidade do contato mediante o contexto arqueológico do sítio Macaguá I foi imprescindível adotar uma construção do conhecimento arqueológico que fornecesse uma maior fluidez já que os objetos materiais segundo o conceito adotado para materialidade nesse estudo perpassa a ideia de que são meras coisas ultrapassando a contradição entre coisas e pessoas imposta pelas leis gerais de teorias normativas da cultura. Assim a adoção da abordagem hermenêutica para a compreensão da materialidade permitiu atravessar as limitações anteriormente expostas, de fato que não influenciou apenas na escolha de abordagens teóricas e conceituais adequadas ao estudo, mas também na própria construção textual da leitura e interpretação que trago acerca da materialidade no sítio Macaguá I.