Processos de gestão em transformação: os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia como “arena política”

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: PEREIRA, Maria Isailma Barros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Educacao
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16737
Resumo: Esta investigação teve como objetivo analisar os processos de gestão dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF’s), considerando o surgimento de novos contextos gerenciais e organizacionais após a promulgação da Lei 11.892/2008 que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica no Brasil. A referida Rede consta atualmente de 38 Institutos Federais, antigos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET’s) e antigas Escolas Agrotécnicas, presentes em todos os estados brasileiros e por outras instituições que fazem parte, também, da Rede: dois CEFET’s que não aderiram a proposta de transformação para IF’s, 25 escolas vinculadas a universidades e uma Universidade Tecnológica. Para tanto, foi realizado um estudo de caso no IFPE - Campus Ipojuca, escolhido por ter uma equipe gestora desde a época do CEFET, o que coaduna com a existência no seu interior de peculiaridades próprias e significativas para reflexão sobre o objeto do estudo, qual seja, a dinâmica da organização no que se refere aos seus processos de gestão relacionados com as mudanças institucionais do CEFET para Instituto Federal. Nesse sentido, a pesquisa parte da análise das particularidades, das singularidades e da complexidade organizacional a partir da institucionalização dos Institutos Federais, tendo como referências teóricas conceitos inerentes à expansão da educação profissional e a gestão escolar relacionadas com a imagem organizacional da escola como arena política. Como principais categorias de análise do estudo elegemos a política de expansão da educação profissional no Brasil e sua interface com o neoliberalismo, articulando a discussão a partir dos conceitos de poder e de cultura organizacional, tendo como base de reflexão as normatizações advindas com a Lei 11.892/2008. Levamos em consideração a compreensão da equipe gestora e dos atores escolares referente às mudanças na organização, as orientações normativas gerais e suas repercussões na gestão, as implicações das mudanças institucionais e as relações de poder tendo como pano de fundo a imagem organizacional da arena política. Dentre os procedimentos adotados, utilizamos a literatura a respeito do tema, bem como a análise dos dados obtidos através da aplicação de questionários com a equipe gestora, professores e servidores da área administrativa e pedagógica, além de observações diretas registradas em diário de campo. Dentre os resultados obtidos, confirmamos que o trabalho da gestão nos IF’s encontra-se imerso no universo simbólico presente na cultura da organização e consideramos que dentre os desafios da gestão nos IF’s, destaca-se, em meio à redefinição identitária institucional, oferecer aos alunos um “itinerário formativo” para dar continuidade à sua formação profissional, como levar em consideração no trabalho de gestão a indissociabilidade nas áreas do ensino-pesquisa-extensão. Compreendemos que a transformação institucional que criou os IF’s, foi empreendida a partir da reunião de organizações com culturas próprias compondo seus diversos Campi, não foi realizada plenamente, desde que passou a configurar neste agregado uma arena política em que os conflitos se fazem presentes sem o devido trato coordenador, o que seria de se esperar a partir de uma ação gestora mais incisiva e consciente. Para atingir os objetivos sócio-políticos e a sua função social, a Reitoria e os Campi precisam desenvolver uma nova cultura organizacional, o que inclui processos de tomadas de decisão e de gestão que possam contribuir para o alcance de sua missão institucional, o que exige empenho na coordenação das ações e definição de ações coletivas. Destacamos que a Reitoria e os Campi do IFPE devem trabalhar em conjunto com o objetivo de mobilizar o desenvolvimento de uma nova identidade institucional, no entanto sabemos que isso é um trabalho de médio e longo prazo, já que há o desafio institucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, que não se efetiva, bem como da proposta de percursos formativos, ainda pouco explorada e carente de amadurecimento e iniciativas no âmbito da gestão, assim, ressaltamos que os processos de gestão nos IF’s pouco contribuem para a efetiva ruptura com o antigo modelo proposto para a educação profissional, baseado no viés economicista, o qual reproduz a dualidade do sistema de ensino brasileiro.