Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
SOBREIRA, Jéssica Lôbo |
Orientador(a): |
CAVALCANTI, Josefa Salete Barbosa |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Sociologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41314
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Resumo: |
A história da confecção das redes de dormir fabricadas por agricultores artesãos do município de São Bento - PB, data do ano de 1927, conforme registrado. O trabalho realizado por mulheres feiteiras constitui atividade complementar às fainas agrícolas realizadas por pequenos agricultores de subsistência do município. O algodão garantia a matéria prima para a tecelagem das redes. Entretanto, crises na produção de algodão ocasionadas pela seca e pela praga do bicudo comprometeram a combinação das atividades. Os produtores locais passaram a depender da compra de fios produzidos externamente. Nos anos recentes, acentuaram-se as demandas para comercialização de redes em outros estados do país e no exterior, notadamente, causadas pela maior participação do capital chinês nesse mercado. As redes de dormir de São Bento foram integradas nesse processo. Esta pesquisa analisa a produção e comercialização de redes de dormir no município de São Bento, com foco nas transformações causadas pela globalização. A cadeia produtiva global foi afetada nos últimos anos pelo forte deslocamento do capital chinês em direção a várias regiões do mundo, sendo o Brasil, especificamente, os polos têxteis, objetos desses investimentos, impactando diretamente a produção e a venda dos produtos artesanais produzidos e comercializados localmente, como ocorreu em São Bento. Com o intuito de compreender o significado disso sobre a organização do trabalho, através da pesquisa de campo realizada no período entre 2017 e 2019, buscou-se mapear o impacto desse processo na organização do trabalho local. Para isso, lançou-se mão de dados quantitativos e qualitativos obtidos juntos aos gerentes e proprietários de fábricas, gestores de instituições públicas e privadas; e trabalhadores envolvidos nas tecelagens e no acabamento das redes de dormir. Como essa presença chinesa impacta na economia local? As conclusões da pesquisa mostram que empreendimentos chineses se apropriaram do principal suprimento que dá origem à fabricação da rede de dormir, o fio de algodão, e também, da comercialização de vários produtos, que antes eram de exclusividade da produção local no município, impactando negativamente na economia da região. Isto contribuiu para o barateamento do processo e produtos comercializados com preços muito competitivos, a ponto de serem produzidos com fio de origem chinesa, em São Bento e por sua vez comercializados na China. Para resistir a esse processo, os artesãos estão investindo cada vez mais na valorização do artesanato, principalmente na feitura do acabamento das redes e das varandas, com o intuito de revalorizar a produção local. O confronto entre movimentos do capital externo e a resistência tem concorrido para um processo de “readequação”, permitindo que as características artesanais locais sejam ressaltadas, possibilitando assim uma distinção entre a rede artesanal local e a importada da China. Os desdobramentos desses processos escapam ao tempo restrito desta tese, mas apontam tendências a serem examinadas em pesquisas futuras. |