Vigilância sobre os contatos de hanseníase no município de João Pessoa: soroprevalência anti-NDO-LID-1 e adesão ao Programa Nacional de Controle da Hanseníase

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: MARQUES, Danielle Medeiros
Orientador(a): XIMENES, Ricardo Arraes de Alencar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Medicina Tropical
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17987
Resumo: A hanseníase ainda representa um grave problema de Saúde Pública no Brasil, com número absoluto de casos novos atingindo em torno de 30.000/ano. O Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH), no sentido de aumentar a detecção e tratamento precoce da doença, preconiza a avaliação dermatoneurológica e a vacinação BCG em contatos intradomiciliares de hanseníase. Além desta avaliação clínica, estudos sorológicos utilizando antígenos específicos do M. leprae vêm demonstrando alta especificidade, sendo relatada a relação entre a positividade sorológica nos contatos e o maior risco de adoecimento. O presente estudo teve como objetivos estimar a soroprevalência anti-NDO-LID-1 em contatos de casos novos de hanseníase e avaliar a adesão dos mesmos ao PNCH, através de um estudo transversal e um estudo caso-controle, respectivamente. Metodologia: a população estudada foram os contatos de casos novos de hanseníase residentes na cidade de João Pessoa, Paraíba nos anos de 2012 e 2013 (na etapa transversal) e no ano de 2013 (na etapa caso-controle). Utilizou-se o teste sorológico rápido NDOLID- 1 para aferir a soroprevalência e a adesão ao PNCH foi aferida através da resposta a um questionário padronizado. Toda a coleta de dados foi domiciliar. Resultados da etapa transversal: foram identificados 135 casos novos de hanseníase, com 405 contatos estudados. A soroprevalência foi de 23% (93/405), sendo maior no sexo feminino (25,9%-58/224), com tempo médio de convívio entre cinco e 10 anos (44%- 22/50) e naqueles que dormiam no mesmo cômodo e na mesma cama (26,3%-31/118) do caso índice. Em menores de quinze anos, a soroprevalência alcançou 27,7% de positividade. Não houve associação da com variáveis biossociais (faixa etária e sexo), passado de tratamento pra hanseníase, vacinação BCG e variáveis relacionadas ao caso índice (grau de parentesco, frequência de contato e tempo de convívio). Resultados da etapa caso-controle: dentre os 231 contatos, apenas 31 (13,4%) haviam aderido ao PNCH, através da realização do exame dermatoneurológico. Não foi observada associação significativa da baixa adesão com as variáveis do contato como sexo, cor da pele, faixa etária, escolaridade, estado civil, renda familiar, tabagismo, etilismo, uso de drogas ilícitas e distância do posto de saúde. Observou-se maior adesão ao PNCH dos contatos de casos de hanseníase com maior idade média e naqueles relacionados às formas dimorfa e virchowiana. A maioria dos contatos que não aderiram ao Programa 8 Nacional de Controle da Hanseníase relataram como justificativa a desinformação sobre a necessidade de fazê-lo, fator este determinante para a não adesão ao programa (OR=0,04, p-valor=0,001). Conclusões: a população de contatos estudada apresentou uma elevada taxa de soroprevalência e uma baixa adesão ao exame dermatoneurológico, denotando haver um alta carga bacilar do M. leprae circulante e uma vigilância sobre os contatos ainda negligenciada.