Mobilidade humana solidaria : um caso de integração econômica de migrantes venezuelanos no Brasil
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Administracao |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48494 |
Resumo: | A atual crise de refugiados atinge números sem precedentes na história mundial. Até dezembro de 2021, eram mais de 89 milhões de pessoas deslocadas forçadamente devido a guerras, conflitos armados e perseguições. Fenômeno que se destaca sobretudo em países e regiões ditas em desenvolvimento e que compartilham problemas socioeconômicos, para os quais adotamos o conceito de Sul global. Uma migração nesses parâmetros é o que encontramos quando nos deparamos com o maior êxodo populacional da história recente da América Latina, que é a atual diáspora venezuelana, com mais de 6 milhões de exilados desde 2013 em suas jornadas para os países vizinhos como o Brasil, um país que se encontra permeado por distintas crises. Uma conjuntura que tende a tornar a integração desses migrantes hostil. Frente a tal problema, defendemos que práticas permeadas pela economia solidária podem favorecer um intercâmbio de saberes que facilitam o processo de integração dos migrantes. Dentro deste contexto, tivemos como objetivo principal descrever a integração de migrantes por sobrevivência no Sul global de maneira a desvelar saberes que possibilitam o processo. Como objetivos específicos, traçamos um panorama dos primeiros anos da integração venezuelana, identificamos desafios presentes na integração econômica dos migrantes venezuelanos ao Brasil, iluminamos ossaberes necessários aos migrantes para contornar os desafios, e, por fim, interpretamos o papel das práticas de economia solidária na superação dos desafios pelos migrantes. O que nos levou a utilizar como principais teorias auxiliares o processo de integração e a mobilidade bloqueada (blocked mobility). Para tal, visando um direcionamento em práticas e experiências daqueles que sido sistematicamente vítimas de injustiças causadas pelas lógicas de dominação hegemônicas, adotamos um posicionamento epistemológico assentado no pensamento pós-abissal de Boaventura de Sousa Santos. Razão pela qual escolhemos o estudo de caso ampliado de Michael Burawoy como metodologia principal. Através dela, nos debruçamos sobre o caso de venezuelanos se integrando economicamente em Pernambuco com o apoio de práticas com viés de economia solidária, tendo principalmente, mas não somente elas, a observação participante e a construção de narrativas das jornadas dos migrantes como fonte de dados e a etnografia pública e análise de conteúdo como estratégias analíticas. Nossos esforços demonstraram que a presença venezuelana se deu em quatro momentos principais, sendo o último uma fase de arrefecimento onde os migrantes têm sido direcionados, por falta de outras opções, ao empreendedorismo. No mesmo sentido, uma série de bloqueios se fazem presentes para dificultarem a integração dos migrantes, sejam oriundos de aspectos socioculturais como provocados pelo estado, pelo mercado ou por aspectos ligados à mobilidade. Barreiras que apesar de se manterem presentes, acabam atenuadas pelos migrantes envolvidos em redes solidárias, mas que são mais superadas quando os migrantes fazem uso de saberes hegemônicos e contra-hegemônicos que eles vêm construindo em suas jornadas. Saberes que também devem ser considerados para um efetivo processo de integração no destino. |