Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
FERREIRA, Gilvanildo Klebson Mendes |
Orientador(a): |
GARRABÉ, Laure Marie-Louise Clémence |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Antropologia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/32651
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Resumo: |
Esta pesquisa de dissertação foi desenvolvida a partir de uma análise etnográfica da relação de poder entre a produção de conhecimento autodidata do ex-pescador, hoje colecionador e pesquisador, Sr. Josué Crispim, e o conhecimento acadêmico. O trabalho de campo situou-se na comunidade praiana de Ponta Grossa, localizada no município de Icapuí, litoral leste do Estado do Ceará. O Sr. Josué, natural de Ponta Grossa, montou seu acervo arqueológico por mais de três décadas, a partir de doações, compras e, principalmente, por meio de coletas espontâneas, consideradas inadequadas, de acordo com as normas e procedimentos da arqueologia. Pois, segundo ele próprio, por falta de providências dos órgãos de proteção do patrimônio arqueológico, essa foi sua única alternativa encontrada para salvaguardá-lo, visto que muitos sítios arqueológicos em Ponta Grossa são localizados em áreas de trilhas de buggy, sujeitos a constante destruição. Por conta de suas iniciativas, foi impedido, em 1998, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ceará (IPHAN/CE), de continuar as coletas arqueológicas. Em 2013, com abertura de uma licitação financiada pelo IPHAN/CE para o tratamento desse acervo, o referido Sr. Josué Crispim perdeu, oficialmente, a sua tutela. Esses episódios narram a luta travada há décadas por esse autodidata, em busca de reconhecimento e do direito de continuar a executar o trabalho que, até hoje, só ele concretizou, mas que, por não ter uma formação convencional na arqueologia, é legalmente impossibilitado de fazê-lo. Dito isto, o objetivo deste estudo é analisar esta relação de poder a partir das concepções metodológicas de diferentes atores (detentores de conhecimentos acadêmicos e não-acadêmicos), que impedem tanto o reconhecimento das iniciativas autodidatas do Sr. Josué quanto a sua prática, por considerá-las desordenadas (sem metodologia) e incapazes de produzir conhecimento. E, para isso, demostrou-se como a produção de conhecimento na academia pode ser opressora caso não leve em consideração outras formas de conhecimento e suas responsabilidades sociais. O conhecimento deixa de ser libertador quando pretende normatizar os modos de produção, não considerando as preocupações sociais como também determinantes para o "desenvolvimento" e o "progresso" do campo científico. |