Fogo Nos Racistas! : Epistemologias negras para ler, ver e ouvir a música afrodiaspórica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: QUEIROZ, Rafael Pinto Ferreira de
Orientador(a): SOARES, Thiago
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Comunicacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/40511
Resumo: O epistemicídio foi uma das maneiras aplicadas pela colonialidade para promover o genocídio do povo negro, assim como para inferiorizar e subalternizar outros saberes que foram deslegitimados no âmbito acadêmico. Dessa forma, estudar epistemologias negras mostra-se necessário para o combate ao racismo e para a descolonização dos currículos universitários. Não se diferenciando dessa situação, o campo da Comunicação no país está muito aquém na discussão de racialidades e racismos, não refletindo assim a necessidade e a urgência do enfrentamento dessas questões. Para atingir esses objetivos há de se reconhecer a importância de se pesquisar a música negra como vetor de processos identitários e como é usada para a comunicação, política e sociabilidades dentro de um contexto afrodiaspórico, assim como suas potências e limitações. Essa música também enseja afiliações transnacionais entre populações negras no mundo e abre possibilidades de diálogos político-estéticos entre estas, numa movimentação, por vezes, anti-hegemônica. Este lugar central da música, em alguns momentos, cede espaço para outras representações, como corpo, performance e imagem. Estes são apreendidos e lidos a partir de um estopim musical, sendo assim sempre atravessados pelo som. Dessa forma, autores e autoras negras, comprometidos com a criação de um pensamento enegrecido e insurgente (WEST, 1985), foram utilizados para a construção argumentativa, dentre eles, Paul Gilroy, Tsitsi Ella Jaji, Bell Hooks, Frantz Fanon, Abdias do Nascimento, Achille Mbembe, Patricia Hill Collins, entre outros. Epistemologias negras foram aplicadas em análises culturológicas de materiais heterogêneos de artistas negros da música. Discos, videoclipes, filmes, imagens e letras foram acionados para interpretar o conteúdo, enquanto produto de subjetividades negras politizadas, do ganês Blitz the Ambassador, do afro-americano Childish Gambino em conjunto com os brasileiros Emicida, Rincon Sapiência, Xênia França e Marku Ribas. Assim, trabalhar com objetos da cultura pop, que são colocados em posição marginal dentro do campo da Comunicação, como música, videoclipes e cinema hollywoodiano, dentro do contexto de uma cultura midiática com o viés afirmativo e racializado, constitui o conteúdo desta tese. O processo de tornar-se negro (SOUZA, 1983), assim como o combate ao racismo, enseja um estímulo para que se contem experiências negras não somente no âmbito da política e da arte, mas também na academia. Isso estimularia o desenvolvimento de um olhar opositor (HOOKS, 2019) que poderia desconstruir criticamente o uso de imagens de controle (COLLINS, 2019) que a mídia utiliza para perpetuar e expandir o devir negro no mundo (MBEMBE, 2014). Tomando o controle, mesmo que parcial, de suas narrativas, vozes negras ajudam a desestabilizar o discurso hegemônico e sonhar futuros possíveis.