Ofidismo no Estado de Pernambuco : uma abordagem epidemiológica histórica e caracterização molecular de uma metaloprotease da glândula de peçonha de viperídeos sul americanos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: CORREIA, Juliana Mendes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Ciencias Biologicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/34601
Resumo: As peçonhas ofídicas são constituídas de enzimas (fosfolipases, fosfodiesterases, fosfomonoesterases, L-aminoácido oxidases, acetilcolinesterases, enzimas proteolíticas das classes serinoproteases e metaloproteases, arginina esterases, 5’-nucleosidases, hialuronidases e NAD nucleosidases), de peptídeos (miotoxinas, cardiotoxinas, potenciadores de bradicina e desintegrinas), também cátions metálicos (Ca, Cu, Fe, K, Mg, Mn, Na, P, Co e Zn), carboidratos (freqüentemente na forma de glicoproteínas), nucleosídeos, aminas biogênicas, lipídeos e aminoácidos livres. Estas enzimas têm despertado interesse devido ao seu potencial biomédico e por serem responsáveis pela maioria dos efeitos tóxicos nos envenenamentos ofídicos, que constituem um problema de saúde pública em todo o Brasil, devido a ocorrência de 20.000 acidentes por ano. O presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos na região metropolitana do Recife (RMR) e verificar a ocorrência de genes codificantes de uma metaloprotease indutora de apoptose vascular (VLAIPs) da glândula de peçonha de Viperídeos sul americanos. Para a caracterização do perfil epidemiológico da RMR foram analisados todos os prontuários de atendimento ao acidente ofídico do Centro de Atendimento Toxicológico do Hospital da Restauração (CEATOX-HR), Recife-Pe. Os dados foram analisados com o auxílio do software Package for the Social Sciences (SPSS) versão 14.0. No período de 1992-2009 foram atendidos 821 casos de importância médica, média de 45,6 casos/ano. Os acidentes crotálicos predominaram nas cidades abrangidas pela I Gerência Regional de Saúde (GERES), enquanto os acidentes botrópicos aumentam em frequência nas cidades distantes da Zona da Mata, em regiões áridas. Mais da metade dos casos atendidos no CEATOX-HR foram oriundos de cidades abrangidas por outras GERES. Os casos de óbito se deveram principalmente a fatores como o tempo levado desde o acidente ao atendimento, à distância de deslocamento e a faixa etária, do que pelo gênero de serpente envolvida no acidente. Para a verificação da ocorrência e expressão da(s) VLAIPs foram realizadas as técnicas de clonagem molecular e reação em cadeia da polimerase em tempo real quantitativa. Utilizamos um gene calibrador de Crotalus durissus terrificus homólogo a VAP1, nomeado crotastatin, e demais genes homólogos VAP1/crotastatinlike da glândula de veneno de Bothrops atrox, Crotalus durissus cascavella e Lachesis muta foram expressos em diferentes níveis. O batroxstatin, o precursor crotastatin-like de B. atrox, é expresso 87 vezes mais que crotastatin-1, de C. d. cascavella, e 7.5 vezes mais que lachestatins, de L. muta. Além do mais, análises estruturais in silico das sequências de aminoácidos indicam que batroxstatin-2, crotastatin and lachestatin-1 and -2 apresentam domínios estruturais e sítio de ligação ao metal iguais aos de VAP1, sendo dessa forma incluídos em um ramo filogenético que compreende as toxinas indutoras de apoptose. Diante o exposto podemos concluir que o gênero Crotalus sempre foi responsável pela maioria dos acidentes ofídicos na RMR e que em seu genoma há expressão de um gene indutor de apoptose vascular como também nos genomas de Bothrops atrox e Lachesis muta sendo todos expressos em níveis diferentes.