A uberização do trabalho docente : reconfiguração das condições e relações de trabalho mediados por plataformas digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: TEIXEIRA, Pedro Henrique de Melo
Orientador(a): SILVA, Katharine Nínive Pinto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/45841
Resumo: A uberização do trabalho é um dos fenômenos recentes do processo contínuo de degradação da atividade produtiva, estimulada pela contradição capital x trabalho. Esse fenômeno é resultado de processos de reconfigurações na organização produtiva que levaram o mundo do trabalho a conhecer formas mais flexíveis da atividade laboral, no intuito de eliminar os vínculos entre aqueles que vedem sua força de trabalho e aqueles que exploram essa força. Nessas novas modalidades de exploração, a tecnologia entra como componente fundamental para o aumento da efetividade da exploração da força de trabalho, como mostram os estudos de Hillman (2021), Van Dijck (2018), Van Doorn (2021) e Zuboff (2015, 2020). As relações entre a exploração da força de trabalho e as tecnologias se dão desde que o capital subsumiu a maquinaria a seu favor (MARX, 2015), fazendo com que a tecnologia, que poderia libertar o ser humano do jugo do trabalho, aprofundasse ainda mais as relações capitalistas de exploração (MARX, 2014). No campo educacional essas relações de exploração do trabalho com a utilização das tecnologias da informação e comunicação (TICs) tornaram-se uma tendência ainda mais forte com o advento da uberização do trabalho (SLEE, 2017) e da inserção de exploração do trabalho docente a partir da mediação das plataformas digitais (SRNICEK, 2017), (VENCO, 2019), (HARVEY, 2020). Este estudo partiu da hipótese de que o trabalhador docente poderia estar sofrendo um processo de uberização do trabalho por meio do avanço da plataformização da atividade educativa. Considerando essas informações históricas esta tese coloca como seu problema de pesquisa: Quais são as tendências de reconfiguração do trabalho docente, no Brasil, mediado por plataformas digitais no contexto da uberização do trabalho? Desta feita, a pesquisa direcionou esforços para tentar responder ao objetivo de identificar as tendências de precarização do trabalho docente mediado por plataformas digitais a partir do fenômeno da uberização do trabalho. O levantamento dos dados se deu pela pesquisa bibliográfica e documental, bem como pela análise de redes sociais (FRIGOTTO, 2017) e plataformas digitais. A uberização do trabalho docente, que se dá pela mediação das plataformas digitais, tem criado tendências de precarização do trabalho docente, trazendo para o campo educacional as mesmas características de precarização que a uberização tem provocado no setor de serviços. Ainda na perspectiva da precarização do ensino e do avanço das plataformas digitais na educação, a pandemia de COVID-19 trouxe uma tendência de aceleração de processos de inserção da plataformização na educação, com a participação efetiva das grandes empresas do setor, conhecidas pela sigla GAFAM, e, consequentemente, de processos de reformas empresariais (FREITAS, 2012) que visam privatizar o ensino, o que precariza a atividade pedagógica e as condições do trabalho docente. Esta pesquisa desvelou ainda o quanto avança a descaracterização do trabalho docente em plataformas como a ALICERCE, onde professores acumulam suas atribuições com outras diversas e a COGNA, onde a figura do professor foi substituída pela de colaborador, típico das relações trabalhistas da era da flexibilização total do trabalho no contexto do capitalismo maquínico (ANTUNES, 2018).