A compreensão de textos em crianças da educação infantil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Marinho, Adriétt de Luna Silvino
Orientador(a): Spinillo, Alina Galvão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16651
Resumo: A compreensão de um texto envolve um conjunto de habilidades, a principal delas permeia todo o processo de construção do significado de um texto e sua efetiva compreensão e está na capacidade de elaborar inferências. Nesta pesquisa, buscou-se investigar como a compreensão acontece em sujeitos muito jovens e que ainda não sabem ler convencionalmente. Como base teórica desse estudo, adotou-se o Modelo de Construção-Integração proposto por Kintsch, em que as inferências têm lugar de destaque na compreensão de textos. Sendo assim, o presente estudo teve por principal objetivo investigar, por meio de diferentes recursos metodológicos, se as crianças da educação infantil estabeleciam inferências de diferentes tipos (causais, de estado e de previsão) enquanto ouviam um texto (metodologia on-line), no caso, uma história. Além disso, checou-se a compreensão global do texto através de tarefas realizadas após a leitura (metodologia off-line). Participaram desse estudo 60 crianças de 4 a 6 anos de idade, de classe média baixa, matriculadas em uma escola pública da Região Metropolitana do Recife. Foram divididos dois grupos de crianças (Grupo 1, composto por sujeitos da Educação Infantil 2, com idade entre 4 e 5 anos, e Grupo 2, crianças da Educação Infantil 3, com idade entre 5 e 6 anos). Cada criança foi entrevistada individualmente em duas sessões. A sessão 1 envolvia as tarefas 1 e 2. A tarefa 1 consistia na leitura interrompida de um texto narrativo pela pesquisadora dividido em partes, mediante as quais iam sendo feitas perguntas inferenciais (causais, de estado e de previsão). As respostas dadas nesta tarefa foram analisadas por dois juízes independentes, sendo classificadas nas seguintes categorias: Categoria I (não responde); Categoria II (incoerente e/ou improvável); e Categoria III (coerente e/ ou provável). Imediatamente após a audição da história, a Tarefa 2 foi aplicada, solicitando que a criança desse o tema da história ouvida. As respostas das crianças foram analisadas pelos mesmos juízes, de acordo com a seguinte classificação: T1 (não responde), T 2 (inapropriado), T 3 (apropriado/ vago), T4 (apropriado/ preciso). No dia seguinte, foi realizada a sessão 2, que dizia respeito à Tarefa 3, em que a criança era solicitada a recontar a historia ouvida no dia anterior. As reproduções elaboradas pelas crianças foram analisadas pelos dois juízes independentes de acordo com as seguintes categorias: R1 (reproduções desconectadas), R 2 (pouco fieis à historia original), R 3 (limitam-se a eventos de alguns blocos), R4 (reproduções globais), R5 (reproduções completas). De modo geral, comparações entre os diferentes tipos de inferências (causais, de estado e de previsão) mostraram que o tipo de pergunta realizada não influenciou o desempenho das crianças, uma vez que nos três tipos de inferências investigados e nos dois grupos de crianças houve maior frequência de respostas da categoria III. Verificou-se que a idade e o ano escolar não tiveram influência no desempenho das crianças. Considerando o desempenho nos dois grupos na elaboração dos temas para a história ouvida, a concentração de respostas esteve no tipo de tema T3 (apropriado/ vago), não se verificando diferenças entre os grupos para esta tarefa. Observou-se ainda uma grande dificuldade por parte das crianças de ambos os grupos na tarefa de reprodução oral da história. Contudo, as crianças do Grupo 2 demonstraram mais habilidade ao reproduzir do que as do Grupo 1. Uma comparação entre as tarefas demonstrou que as crianças da Educação Infantil tinham mais facilidade para propor um tema adequado e responder perguntas inferenciais do que reproduzir a história oralmente. O cruzamento dos dados de desempenho das crianças na Tarefa 1 com a Tarefa 2 revelou que responder perguntas inferenciais e elaborar tema da história parecem estar relacionadas, pois os participantes que tiveram melhor desempenho na Tarefa 1 também o tiveram em relação à Tarefa 2. Entre as tarefas 1 e 3, observou-se que houve alguma relação entre as duas habilidades, porém não se pode dizer que seja uma relação consistente devido a grande dificuldade na Tarefa 3 por parte dos participantes em geral. Entre as tarefas 2 e 3 não foi verificada relação entre as duas habilidades (indicação do tema e reprodução da história). Conclui-se que as crianças da Educação Infantil demonstraram certa compreensão de textos e que esta compreensão varia de uma tarefa para outra, não sendo uma habilidade que se manifeste igualmente em todas as situações de compreensão que são solicitadas a realizar.