Como morre uma mulher? : configurações da violência letal contra mulheres em Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Gomes, Ana Paula Portella Ferreira
Orientador(a): Ratton Júnior., José Luiz de Amorim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/13977
Resumo: Esta tese tem como tema os homicídios de mulheres em Pernambuco e seu objetivo foi compreender e analisar as dinâmicas sociais que produzem este tipo de violência. O objeto do estudo foi o conjunto das situações as mulheres são assassinadas, mas, para isso, foi necessário também observar o conjunto das situações de homicídios de homens, para não tomar como específico aquilo que é comum aos dois grupos populacionais. Para isso, realizou-se análise comparativa para identificar as situações nas quais homens e mulheres são assassinados e construir configurações de homicídios específicas; identificar semelhanças e diferenças entre as configurações de homens e mulheres; calcular e analisar o risco diferencial de homens e mulheres para elementos associados às configurações de homicídios; identificar e explicar os fatores associados aos homicídios de homens e mulheres e explicar as configurações de homicídios de mulheres e os contextos nos quais elas ocorrem. Tratou-se de estudo quantitativo, cujas fontes de informações foram o banco de crimes violentos letais intencionais da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, o DATASUS e o IBGE, para o período de 2004 a 2012. Os dados foram analisados por meio de análise de correspondência, análise log-linear e regressão linear multivariada. As principais referências teórico-metodológicas situam-se nas abordagens configuracionais e situacionais, em diálogo com a teoria social feminista e a sociologia brasileira. Foram identificadas quatro configurações de homicídios: criminalidade, violência doméstica e familiar, violência interpessoal e violência cometida por parceiro íntimo. A primeira atinge homens e mulheres. A violência interpessoal foi associada aos homens e a violência doméstica e aquela cometida por parceiro íntimo, às mulheres. A distribuição das configurações no território do estado não é homogênea e está associado a fatores macrossociais como, por exemplo, desigualdade de renda e taxa de urbanização, e a fatores relacionados às desigualdades de gênero, como chefia feminina do domicílio e taxa de fecundidade total. Os resultados demonstram que os contextos dos homicídios de mulheres são diversificados e obedecem a dinâmicas sociais distintas, nas quais o marcador de gênero está sempre atuante, mas nem sempre da mesma forma. Esses achados trazem desafios teóricos, no sentido de compreender os modos de articulação entre contextos tradicionais e atuais de violência contra as mulheres, o que, por sua vez, coloca desafios para as políticas públicas, no sentido de articular o campo da segurança pública com as políticas para as mulheres.