As vozes dos que vivem à margem dos rios urbanos : uma análise do contexto socioambiental da ocupação urbana, através dos discursos da população

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Cristina Vieira Buarque de Amorim, Fernanda
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3029
Resumo: Na pesquisa busca-se interpretar o contexto político, econômico e socioambiental dos moradores que vivem as margens dos rios urbanos em habitações precárias, constituindo favelas, em área sujeita ao risco de inundação e a doenças de veiculação hídrica, onde a pobreza condiciona a ocupação de espaços pouco valorizados e insalubres. Relaciona a degradação ambiental, a perda da qualidade dos recursos hídricos e a urbanização provocada pela ocupação desordenada e esta ao contexto histórico, político, social e econômico. Discute- -se a relação sociedade/natureza e propõe-se a educação ambiental para a mudança de paradigma, este voltado para o saber ambiental e a consciência ecológica. Constitui-se em uma pesquisa exploratória, interdisciplinar, a qual conjuga o conhecimento do censo comum ao conhecimento científico tendo como dados de análise e interpretação os discursos dos moradores colhidos através de entrevista. Empregou uma metodologia quali-quantitativa, que utiliza a análise estatística fornecida pelo software ALCESTE, para a categorização do corpus da pesquisa e a ANÁLISE DE CONTEÚDO para a interpretação e apreensão dos sentidos dos discursos. O local onde foi realizada a pesquisa, a comunidade do rio Morno, exemplifica e fornece os subsídios a caracterização da realidade das metrópoles brasileiras no que concerne a urbanização e seu contexto socioambiental. A interpretação dos discursos foi determinante para estabelecer o nível de conscientização política e o grau de participação dos moradores na solução de seus problemas, além do contexto no qual estão inseridos. Os resultados apontam para uma relação de classe entre os que detêm o poder político-econômico e aqueles destituídos de poder, relação esta marcada pelo clientelismo, fatalismo e pela inexorabilidade dos fatos, resultando a acomodação e a resignação dos moradores a condição de pobres, desempregados e ignorantes e esta condição levando-os a falta de participação. Os moradores têm consciência das causas da degradação do rio Morno, porém estão envolvidos num jogo de culpa que os imobiliza e os responsabiliza, explicito no conhecimento do senso comum contido em seus discursos. A falta de atuação do poder público e as promessas de campanha que não se concretizam constituem empecilhos, a credibilidade política, e ao exercício da democracia e da cidadania. O restabelecimento de relações democráticas passa pelo atendimento das reivindicações dos moradores no que se refere à moradia e a recuperação do rio Morno, garantindo a esta população melhores condições de vida. A compreensão do contexto de vida da população, através de seus discursos, constitui-se condição sine qua non para a realização de planos de gestão compartilhada e de intervenções em educação ambiental que pretendam o envolvimento e a participação da população na busca de uma melhor qualidade de vida. A educação ambiental, como proposta de mudança de paradigma, neste contexto assume seu caráter problematizador e crítico dos problemas que afligem os moradores das margens do rio Morno, a fim de permitir aos mesmos desvelar possibilidades