Conjugalidade e afetividade nas narrativas de homens denunciados por violência conjugal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Silva Silveira, Paloma
Orientador(a): Medrado-Dantas, Benedito
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8352
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo estudar a produção de sentidos sobre a conjugalidade e a afetividade nas narrativas de homens denunciados por violência conjugal, em Recife, identificando repertórios interpretativos, jogos de posicionamento e modelos de relacionamentos afetivos-sexuais idealizados por esses homens. A noção de violência conjugal especifica a violência contra as mulheres no contexto das relações de conjugalidade. Apesar da recente construção da violência contra as mulheres como um problema social e de saúde pública, no Brasil, existem muitos estudos realizados sobre a temática. Alguns deles utilizam a idéia de vitimização da mulher, ora baseada na noção de dominação masculina, ora na de dominação patriarcal. Outros já se localizam nas discussões promovidas pela introdução da categoria gênero. O estudo realizado nesta dissertação localiza-se nas leituras que incluem a perspectiva relacional do gênero em suas análises. Na perspectiva relacional de gênero, o foco volta-se para as relações que são estabelecidas e as atribuições de masculino e feminino elaboradas nessas relações. Adotou-se a abordagem teórico-metodológica das práticas discursivas e produção de sentidos, perspectiva filiada ao construcionismo social. Na investigação socioconstrucionista, o foco fica voltado para os processos pelos quais as pessoas interpretam e significam o mundo em que vivem. A pesquisa é tida como uma prática social, cujos métodos para traduzir os fatos sociais podem ser diversos. Os procedimentos metodológicos escolhidos na pesquisa foram a observação no cotidiano e a entrevista semiestruturada. Foram realizadas um total de 13 visitas à Delegacia da Mulher de Recife e 15 entrevistas com homens denunciados por violência conjugal, no primeiro semestre de 2008. Os resultados são apresentados na forma de narrativa com vistas a dar visibilidade aos passos analíticos. Nas análises foram construídos quadros a partir de três eixos analíticos: 1) como os homens definem sua relação afetivo-sexual; 2) como se percebem e como percebem a companheira no jogo amoroso e no jogo do conflito, e 3) como idealizam um relacionamento afetivo-sexual. Com base nas leituras dos quadros foram elaboradas três categorias analíticas: 1) o relacionamento afetivo-sexual cujo início foi bom , mas no qual posteriormente se instala uma crise conjugal; os repertórios sobre conjugalidade e afetividade inscrevem-se nos padrões hegemônicos relacionais de gênero e na retórica do amor romântico. Todavia, existem rupturas identificadas nas contradições existentes nas narrativas; 2) o relacionamento afetivo-sexual como possibilidade para a construção de um ideal de família; os repertórios sobre conjugalidade são construídos a partir de um ideal de família; e 3) o relacionamento afetivo-sexual marcado pela violência conjugal; os repertórios sobre conjugalidade inscrevem-se em relações marcadas pela violência, a violência que faz parte da relação conjugal. Outra categoria analítica foi criada para dar conta de como o cotidiano na delegacia foi significado no processo interativo da pesquisa o desfecho final dos conflitos conjugais: a Delegacia da Mulher. De maneira geral, os homens significaram a delegacia como um espaço para a resolução dos conflitos conjugais. Assim, as reflexões trazidas por essa dissertação pretendem complexificar as discussões em torno da violência conjugal, e que tais reflexões sirvam para a construção de um diálogo mais profícuo entre as universidades e a sociedade