Tornar-se diarista : a percepção das empregadas domésticas sobre seu trabalho em regime de diárias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: MELO, Cecy Emanuella Bezerra de
Orientador(a): HAMLIN, Cynthia de Carvalho Lins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Sociologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/44526
Resumo: As diaristas são as trabalhadoras domésticas que recebem pelo dia trabalhado e executam seu serviço em mais de um domicílio. Nos últimos anos, o número de diaristas no Brasil tem crescido continuamente, tornando esse vínculo cada vez mais expressivo no trabalho doméstico brasileiro, mesmo face à restrição de acesso aos direitos promovida na legislação trabalhista do emprego doméstico. Perante tal conjuntura, a fim de melhor compreender essa reconfiguração dos vínculos das empregadas domésticas, esta pesquisa objetivou analisar as condições e motivações presentes nos processos de tornar-se e permanecer diarista, mediada pela autopercepção dessas trabalhadoras sobre as suas identidades socioprofissionais. Para tanto, utilizei o método qualitativo de entrevista semiestruturada com dez diaristas e investiguei os dados obtidos por meio da análise de conteúdo desenvolvida por Laurence Bardin. Quanto ao referencial teórico, tenho como base as análises marxistas presentes nas obras da Heleieth Saffioti, do Feminismo Materialista Francês – perspectiva teórico- metodológica, representada por Colette Guillaumin, Danièle Kergoat e Jules Falquet, que compreende o grupo das mulheres enquanto uma “classe social”, não se apropriando dessa denominação de forma rigorosa nos termos marxistas, mas de maneira heterodoxa com objetivo de designar conjuntos de homens e mulheres como hierarquizados e marcados por sua condição de dominação-exploração – e da Teoria da Reprodução Social – que caracteriza- se por uma gama de produções de teóricas (Lise Vogel, Silvia Federici, entre outras) que tem como ponto principal a constituição do trabalho doméstico como o fundamento sócio-material para a manutenção da vida e do capitalismo. Por fim, a partir das investigações propostas, os resultados revelam que tornar-se diarista não é uma escolha pessoal planejada, mas consequência de uma conjuntura em que o aumento do desemprego coexistiu com a ampliação da demanda por diaristas. Entretanto, ao longo do exercício do trabalho doméstico com o vínculo de diárias, as diaristas percebem seu trabalho de forma positiva como consequência de uma constelação de vantagens imediatas que as faz preferir ser diaristas. Esses benefícios consistem em questões materiais e subjetivas como melhor remuneração, maior reconhecimento do seu trabalho e autonomia, que se sobressaem em nível de importância atribuída por elas e encobrem a ausência de direitos trabalhistas.