A construção das relações de gênero na mídia da Igreja Universal do Reino de Deus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Oliveira Filho, Paulo Gilberto de
Orientador(a): Oliveira Filho, Pedro de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11197
Resumo: O Brasil passou por uma drástica mudança nos últimos anos: embora ainda componha a maioria da população, desde a década de 1950 o catolicismo tem declinado de maneira rápida, dando lugar ao pentecostalismo. Este movimento religioso é bastante plural, e pode ser dividido em três gerações de igrejas que, mesmo com semelhanças, possuem características específicas. As primeiras gerações são marcadas pelo sectarismo e pelo ascetismo, cujo efeito é um afastamento do fiel das coisas do mundo, à espera de uma recompensa em outra vida. A terceira geração, porém, nasceu sob um processo de liberalização dos costumes baseada na Teologia da Prosperidade, que prega que o fiel deve ter “vida em abundância” ainda nesta existência, e assim rompe com o antigo sectarismo e ascetismo pentecostal. A sociedade brasileira igualmente vivenciou nas décadas passadas uma profunda transformação nas relações de gênero, no caminho de forte questionamento do patriarcalismo e um movimento de emancipação da mulher em relação a seus antigos posicionamentos. Tendo nascido já sob tais transformações, a Igreja Universal do Reino de Deus foi o objeto desta pesquisa. Seus objetivos foram analisar como a instituição constrói práticas discursivas sobre as relações de gênero e sobre as mudanças pelas quais a sociedade brasileira passa nesse quesito. A Igreja Universal do Reino de Deus apresenta dentro de si as contradições encontradas na sociedade como um todo: por um lado mantem aspectos das relações de gênero do pentecostalismo de gerações anteriores; por outro lado, leva adiante mudanças no sentido de adaptação às demandas feministas, embora retire parte do seu caráter contestador. Dessa forma, a Igreja Universal promove repertórios que ao mesmo tempo posicionam mulheres em novos lugares, anteriormente interditados, como o mundo político e do trabalho, mas em outros momentos posicionam em lugares tradicionais, como por exemplo de mãe e esposa submissa ao marido. O homem é posicionado majoritariamente como trabalhador e pai de família. A Psicologia Social Discursiva serviu de aporte teórico-metodológico, por considerar o discurso como uma forma de ação e possibilitar a compreensão da variabilidade e do caráter funcional do discurso. De acordo com esta abordagem, a compreensão que temos da realidade é construída discursivamente. O gênero não deixaria de ser diferente, sendo mais uma construção discursiva produzida coletivamente que uma realidade biológica. A Igreja Universal, contudo, produz práticas discursivas que essencializam o gênero, atribuindo as características supostamente femininas e masculinas à biologia humana e à criação divina. Tal discurso contribui para a manutenção de posicionamentos subalternos para a mulher, que é incentivada a manter-se num lugar submisso à vontade masculina.