Turismo comunitário como sistema de dádivas na Amazônia: uma aliança entre reciprocidade e autonomia na gestão local do turismo em Anã e Coroca, Santarém, PA.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: ASSIS, Giselle Castro de lattes
Orientador(a): PEIXOTO, Rodrigo Corrêa Diniz lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia
Departamento: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14713
Resumo: Essa investigação analisou como se estruturam as relações sociais tecidas entre os agentes sociais endógenos das comunidades Anã e Coroca (Santarém/Pa), e as relações que eles estabelecem com agentes exógenos para a oferta do turismo, com a finalidade de identificar a função da autonomia comunitária em iniciativas turísticas protagonizadas por populações locais. A pesquisa de campo foi orientada pelos pressupostos da etnografia antropológica, em três períodos diferentes de imersão nos microcosmos das comunidades, e no macrocosmo formado por Santarém e Alter do Chão. O caminho metodológico de análise dos dados foi construído a partir da concepção de Lanna (2000) sobre a etnografia da troca. O campo mostro qe o turismo institui relações de troca de dádivas ambivalentes (econômicas/simbólicas) entre os agentes sociais internos e desses com agentes externos às comunidades. Esse intercâmbio relacional de dádivas cria uma estrutura de rede social interdependente, sem a qual a experiência de turismo não acontece na comunidade. Ao promover a conexão do microcosmo com o macrocosmo, o turismo gera alianças e sociabilidades de forma sistêmica e complexa, pois existe entre esses ambientes uma dependência recíproca. Portanto, em ambientes sociais que promovam a troca de bens e de sua espiritualidade de forma ambivalente, o turismo pode ser compreendido como uma dádiva e, a dinâmica relacional que ele produz, como um sistema de dádivas. A compreensão da dinâmica dessas relações sociais me permiti inferir qe o trismo comnitrio prod m fato social total na concepo de Mauss (2017). A observação detalhada das iniciativas turísticas de Anã e Coroca revelou que, embora ambas sejam chamadas por turismo de base comunitária (TBC), a base comunitária ou endógena, está ativa, no momento, somente em Coroca. Isso porque, essa comunidade opera suas ações coletivas por meio da reciprocidade. Como a estrutura social que sustenta a autonomia de uma comunidade de processos de dependência, tutela e dominação de agentes externos, a reciprocidade é a responsável por promover a autogestão dos interesses coletivos, como o turismo. Ao identificar a aliança entre reciprocidade e autonomia no microcosmo de Coroca, e sua ausência no microcosmo de Anã, compreendi a função da autonomia, e sua relevância como característica balizadora para reconhecer iniciativas de turismo comunitário, pois não há como referir o protagonismo de uma população local na gestão do turismo se ela não é livre para RESUMO escolher; se não é plenamente capaz de tomar decisões em todos os processos que envolvem a operação turística, os quais ocorrem tanto no seu ambiente endógeno (o comunitário), quanto no exógeno (mercado de viagens). Acredito que a autogestão do turismo comunitário é um caminho possível, desde que as populações locais tenham acesso ao conhecimento e formação técnica para autogerir-se de forma integrada entre suas demandas comunitárias, e as expectativas do mercado de viagens.