Por um turismo decolonial: reflexões antropológicas a partir da turistificação da Ilha do Combu/Pa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: NUNES, Thainá Guedelha lattes
Orientador(a): FURTADO, Lourdes de Fátima Gonçalves lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia
Departamento: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16262
Resumo: A partir de 2015, na Ilha do Combu, Área de Proteção Ambiental pertencente à área insular de Belém do Pará, se inicia um processo de turistificação que a tira de sua condição de relativa invisibilidade, atraindo cada vez mais visitantes. Diante disso, esta tese tem como objetivo analisar tal processo e seus principais desdobramentos. Tendo como palco a ilha, buscou-se refletir criticamente sobre o turismo ter se constituído sob a influência da colonialidade e, consequentemente, assimilado as noções de desenvolvimento e modernidade. Utilizando-se dos debates provenientes da Antropologia do Turismo, com contribuições de autores que abordam a decolonialidade, os resultados apresentados são frutos de uma pesquisa antropológica qualitativa. Esta pesquisa teve como base a etnografia, com observação direta e participante, entrevistas semiestruturadas, questionário online e registros fotográficos. Foram também realizadas investigações na internet, buscando acompanhar em uma rede social perfis de estabelecimentos da ilha, material de divulgação destes e comentários em postagens sobre a ilha por perfis de jornais da cidade. Os resultados aqui apresentados são oriundos não apenas da pesquisa realizada durante o período do doutorado, mas das pesquisas que realizei desde 2010, o que me possibilitou acompanhar as transformações pelas quais a ilha vem passando. Outra dimensão metodológica foi a da pesquisa-ação, em que foram estabelecidas contrapartidas da pesquisa para a comunidade. Serão produzidas cartilhas para os donos dos estabelecimentos e para os visitantes, e um site sobre a Ilha do Combu foi criado. Como resultados tem-se que o avanço da busca por lazer no local consolidou este como um importante ponto turístico de Belém, gerando mais visibilidade, valorização local, emprego e renda para a população. Entretanto, atraiu a atenção de forasteiros que buscam também aproveitar-se das possibilidades promissoras, decidindo empreender no local, intensificando o processo de turistificação. Observa-se um desenvolvimento desordenado do turismo, que vem se intensificando rapidamente, gerando a proliferação de estabelecimentos, especulação imobiliária, perturbação da vida cotidiana local, poluição, erosão, insegurança, surgimento de atrativos artificiais e mudanças para atender às demandas externas. Percebeu-se que a maneira como a atividade vem se desenvolvendo nos últimos anos no local, reflete as ontologias propagadas pela colonialidade, no comportamento e ações de agentes do Setor Privado, do Poder público e de visitantes. Todavia, a população local tem mostrado sua agência e destacando seu protagonismo frente a esse processo. Por fim, buscou-se trazer proposições para avançar na descolonização do turismo.