O arcabouço estrutural da região de Chega-tudo e Cedral, noroeste do Maranhão, com base em sensores geofísicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: RIBEIRO, José Wilson Andrade
Orientador(a): PINHEIRO, Roberto Vizeu Lima lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/15930
Resumo: O segmento continental centro-norte da costa atlântica brasileira, localizado na região fronteiriça entre os estados do Pará e Maranhão, é conhecido na literatura geológica como Região do Gurupi. Esta região caracteriza-se pela presença de duas janelas erosivas maiores que expõem dois pequenos escudos proterozóicos em meio de bacias sedimentares fanerozóicas. O entendimento da geologia pré-cambriana e avanços na cartografia geológica dessa região têm sido limitados pela escassez e qualidade dos afloramentos existentes. Nesse contexto, a geofísica aérea de alta resolução provou ser uma ferramenta auxiliar valiosa de mapeamento básico, possibilitando a definição melhorada da forma e do arranjo das unidades litoestruturais principais na área de estudo. A área investigada está geologicamente inserida no contexto do Cinturão de Cisalhamento Gurupi. Este segmento do cinturão exibe uma variedade de rochas supracrustais orto e paraderivadas e rochas plutônicas metamorfizadas e alteradas, tectonicamente aleitadas entre si. As unidades litoestruturais da área encontram-se estruturalmente organizadas em três faixas longitudinais NW-SE correlacionáveis, de SW para NE, ao Complexo Maracaçumé, ao Grupo Gurupi e à Suite Tromaí, respectivamente. Rochas intrusivas básicas e ultrabásicas, cisalhadas e hidrotermalmente alteradas, encontram intercaladas com rochas da seqüência vulcanossedimentar do Grupo Gurupi. Todo esse conjunto litológico está metamorfizado em fácies xistoverde baixa a anfibolito baixa e hidrotermalmente alterado. Diques de diabásio cortam toda as unidade litoestratigraficas acima, alojando-se tanto em estruturas concordantes quanto discordantes com a trama NW-SE. Completando esse quadro, ocorrem planícies e terraços aluviais que acompanham as drenagens ativas. A análise das relações geométricas e da cinemática das estruturas internas ao cinturão permitiu a caracterização da área de estudo como segmento do cinturão de cisalhamento de alto ângulo, com sentido de movimentação dominantemente sinistral, formado sob um regime de colisão oblíqua com forte componente direcional associada. A área estudada caracteriza-se pela presença de um corredor de alta deformação associado a uma faixa onde predominam metapelitos carbonosos. Este corredor é visualizado como uma importante zona de fraqueza crustal por meio da qual se deu importante partição da deformação na área. Uma zona secundária de cisalhamento NNW-SSE ramifica-se a partir do corredor de alta deformação, ao longo do contato dos metapelitos que o constituem com as rochas metavulcaniclásticas e vulcanogênicas que formam o corpo lenticular de Cedral. A nucleação deste splay levou ao descolamento das rochas vulcaniclásticas e vulcanogênicas de granulação grossa daquelas metapelíticas em conseqüência de seus comportamentos reológicos contrastantes. A trama estrutural dominante NW-SE do cinturão encontra-se interrompida por três famílias de fraturas principais com direções N-S, E-W e NE-SW. As zonas de falha N-S e E-W apresentam dobras de arrasto, inflexões que denotam rejeitos aparentes sinistrais e dextrais nos mapas aeromagnéticos, respectivamente. As falhas E-W dextrais são correlacionáveis com aquelas descritas por Costa et al. (1996a) e Ferreira Jr. (1996) como feixes de falhas transcorrentes do arcabouço estrutural da Bacia de Pinheiro (bacia do tipo pul- apart). Embora as fraturas NE-SW controlem o curso das drenagens principais da área, não se observaram deslocamentos ao longo das mesmas na escala de 1:100.000 utilizada. Adicionalmente, essas fraturas estão ausentes nos mapas magnéticos. Qualquer que tenha sido o tempo em que essas estruturas se instalaram, as fraturas com essa direção não tiveram um papel relevante no estágio principal de formação do cinturão na área estudada, como foi sugerido por alguns autores. Por outro lado, as zonas de falhas N-S, que cortam a estruturação NW-SE dominante do cinturão, apresentam rejeitos aparentes sinistrais de dimensões quilométricas. Essas falhas N-S são claramente tardias em relação à estruturação principal do cinturão, embora não tenha sido possível correlacioná-la a nenhum evento deformacional conhecido na região. As falhas N-S, as estruturas NNW-SSE e aquelas de direção NW-SE e da trama principal do cinturão apresentam relações mútuas de corte evidenciando múltiplos episódios ou pulsos de reativação.