Tectônica cenozóica e movimentação salífera na Bacia do Amazonas e suas relações com a geodinâmica nas placas da América do Sul, Caribe, Cocos e Nazca

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: COSTA, Antônio Roberto Almeida
Orientador(a): COSTA, João Batista Sena lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11530
Resumo: Esta pesquisa, baseada em interpretações de seções sísmicas, trata dos eventos tectônicos e do movimento de sal (halotectônica) que ocorreu na Bacia de Amazonas durante o Cenozóico. As estruturas principais foram comparadas com as assinaturas tectônicas das bacias do Solimões, Acre e Tacutu como subsídio para o entendimento da cinemática dos eventos que afetaram o preenchimento dessas bacias. As bacias do Amazonas, Solimões, Acre e Tacutu e algumas partes da Placa Sul-Americana foram submetidas à ação de esforços intraplaca durante o Cenozóico. A partir dos dados do Norte dos Andes e do Caribe, incluindo a porção norte da Placa Sul-Americana, e modelos cinemáticos disponíveis alcançou-se a integração do campo de stress que originou os principais elementos tectônicos que afetaram as bacias sedimentares da região Amazônica, especialmente a parte ocidental da Bacia do Amazonas. Do Mioceno Superior ao Holoceno, o norte dos Andes alcançou sua configuração atual. O Mioceno Superior corresponde ao começo do soerguimento do nordeste dos Andes e representa a mais dinâmica das fases tectônicas do Mioceno. As principais feições de relevo da Cadeia Andina foram desenvolvidas durante o Mioceno e poucas mudanças ocorreram desde então. O padrão estrutural complexo da parte norte da América Sul está relacionado ao stress oblíquo compressivo na margem da placa que impôs deformação nos sistemas convergentes do Cretaceo e Paleoceno, quando a América do Sul foi deslocada de encontro às placas do Caribe e de Nazca. Os dados de campo de stress intraplaca da porção setentrional da América do Sul ainda são poucos para suportar a melhor caracterização do padrão regional desta longa e vasta área, que é marcada por um contexto geotectônico diversificado e complexo. O campo de stress intraplaca parece ser o resultado da ação de forças locais e regionais na litosfera. Os padrões de stress localizados podem ser devidos às heterogeneidades estruturais, ao aumento e à redução da carga crustal e às anomalias térmicas da astenosfera. As forças regionais são mais uniformes e diretamente relacionadas às forças que movem as placas (driving forces), como: a força devido à expansão do assoalho oceânico (ridge-push); à flutuação negativa da placa submetida a subducção e forças de cisalhamento viscoso no limite da litosfera e astenosfera. O evento tectonico Juruá foi a mais importante deformação mesozóica que afetou as bacias paleozóicas do Solimões e do Amazonas. As estruturas transpressivas geradas durante este evento são aquelas reveladas como armadilhas para petróleo, principalmente na Bacia do Solimões. A partir da interpretação sísmica da Bacia do Amazonas, demonstrou-se uma importante variação de estilos estruturais de região para região. Algumas áreas mostram deformação fraca enquanto outras são caracterizadas por estruturas complexas. Com base nesses critérios, a bacia foi dividida em três domínios estruturais, identificados como domínios Norte, Sul e Central e compreendem 8 (oito) setores estruturais. O Domínio Norte inclui os seguintes setores: Rio Negro-Trombetas e Rio Curuá; o Domínio Sul compreende os setores do Rio de Canumã, Rio Mamuru e Rio Cupari; e o Domínio Central inclui os setores Rio Madeira, Rio Abacaxis-Tapajós e Rio Jurupari. Dois eventos tectônicos foram caracterizados a partir das interpretações sísmicas da Bacia de Amazonas. O primeiro foi caracterizado somente na área da Plataforma de Manaus. O segundo é provavelmente do Plioceno e é caracterizado por dobras suaves e blocos falhados relacionados ao sistema transpressivo que afeta as seqüências pós-paleozóica. A diversidade maior e a complexidade estrutural foram identificadas ao longo do setor Rio de Abacaxis-Tapajós, entre o domínio da Calha Central e as linhas que limitam os domínios do Flanco Norte e do Flanco Sul. É também nesta área que ocorrem as mais importantes feições halotectônicas, como as almofadas de sal. O desenvolvimento dessas feições é controlado principalmente pelos eventos tectônicos transcorrentes do Cenozóico que causaram a reativação de zonas dúcteis antigas e originaram falhas que cortam a Bacia do Amazonas nas direções NE-SW e NW-SE; maiores espessuras das camadas de halita que ocorrem nesta região; instabilidade gravitacional devido à carga diferencial causada pelas soleiras de diabásio; e pelos mergulhos acentuados das camadas. A halotectônica pode ter controlado o desenvolvimento de algumas feições de relevo e parte do sistema de drenagem da Bacia do Amazonas. As dobras irregulares e complexas na seqüência evaporítica da Formação Nova Olinda resultaram do comportamento de alta plasticidade e mobilidade tectônica das camadas de sal. Freqüentemente o intervalo sísmico abaixo da seqüência que contem halita não está deformado. Mas uma vez deformado, possui estilos estruturais diferentes daqueles do intervalo que contém halita. Os estilos estruturais nas áreas de plataforma (Manaus e Abacaxis-Mamuru) mostram características geométricas (transpressivas e transtensivas) mais simples quando comparadas com as estruturas mais complexas que ocorrem na área do Domínio da Calha Central que foram originadas sob regime de deformação mais plástico devido o maior volume de halita. As falhas transcorrentes geralmente originam efeitos estruturais complexos nas seções geológicas de algumas bacias que resultam em dificuldade para interpretação dos dados sísmicos. As complexidades estão relacionadas à natureza do mecanismo do falhamento transcorrente. O fluxo de sal ao longo das zonas trancorrentes segue os rejeitos em direção ao topo, resultando em dobras irregulares quando a espessura do sal aumenta. Portanto, quando a seqüência que contém camadas de sal é submetida a falhamento transcorrente a geometria das estruturas é normalmente complexa. Isto pode ser explicado devido ao comportamento plástico do sal que atua como uma camada onde os esforços transcorrentes são atenuados, impedindo a propagação do falhamento para as seqüências mais superiores. Na Bacia do Amazonas é clara esta relação entre as feições halotectônicas e os falhamentos transcorrentes cenozóicos. As interpretações sísmicas nesta pesquisa não são suficientes para identificar as estruturas relacionadas aos eventos do Quaternário, mas os dados geológicos e a informação da solução de mecanismo focal de terremotos e breakouts indicam que a Bacia do Amazonas tem permanecido ativa no Quaternário. Portanto, é possível que tenha ocorrido halotectônica durante o Quaternário.