Resumo: |
A abordagem emergente nesta pesquisa relaciona o artesanato urbano e a produção de moda autoral na cidade de Belém, no estado do Pará, após a constatação pela autora de que o desejo de criar moda com identidade paraense fez com que estilistas e designers da região buscassem matérias primas locais para a produção de roupas e acessórios com características que os diferenciasse no mercado globalizado da atualidade, percebendo que essa diferenciação está ligada à valorização da cultura em que o objeto foi elaborado. A pesquisa inicia estudando as interfaces entre moda, arte e artesanato, ressaltando como este último pode ser considerado uma das representações das identidades locais e como os criadores de moda em Belém estão em processo de busca de suas raízes culturais em face dos impactos dos processos de hibridação surgidos da aceleração da história. Autores como Nestor Garcia Canclini, Zygmunt Bauman, Pierre Bourdieu e Gilles Lipovestsky forneceram o embasamento teórico que permitiu a percepção da autora de que o acesso à maior variedade de bens, facilitado pelos movimentos globalizantes, democratiza a capacidade de combiná-los, permitindo que o designer sempre apresente produtos novos, em sintonia com a efemeridade da moda. Metodologicamente, a pesquisa se desenvolveu com a análise qualitativa de quatro manifestações de moda autoral em Belém, cujas criadoras tiveram a ousadia de agregar o valor do artesanato com as fibras de tururi e curauá, o couro de peixe e um tipo de látex conhecido como encauchado da borracha para confeccionar roupas e acessórios de moda com características de originalidade. Ainda contribuem os ensinamentos de Stuart Hall, Lars Svendsen, Carol Garcia e Ana Paula de Miranda para que autora conclua que produzir moda é criar comportamentos e que no atual contexto mercadológico, o artesanato pode ser o grande valor agregado à moda autoral. |
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