Sedimentologia, mineralogia e geoquímica dos sedimentos do pântano Mauritia na Serra Sul, Carajás (Pará)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: CARVALHO, Aliane Trindade lattes
Orientador(a): COSTA, Marcondes Lima da lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11492
Resumo: Lagos e sedimentos lacustres de pequeno porte são freqüentes em terrenos com crostas lateríticas ferruginosas na região Amazônica, que se apresentam como importantes registros de mudanças paleoambientais dessa região. Em Carajás esses sedimentos se apresentam em grande profusão, tanto na Serra Norte como na Sul, e já foram objetos de pesquisas, que se concentraram em estudos palinológicos, com poucas informações as características mineralógicas e químicas. O presente trabalho empregou as técnicas sedimentológicas, mineralógicas, químicas, de radiocarbono e isotópicas para investigar esses sedimentos em uma área conhecida como pântano Mauritia na Serra Sul, Carajás, no Sul do Pará. Com auxílio de sonda manual do tipo Livingstone coletou-se uma sequência sedimentar de 466 cm. De acordo com as variações litológicas possíveis e sua relação com a profundidade estabeleceram-se os intervalos para amostragem totalizando em 23 amostras para realização das seguintes análises: granulométrica por laser granulômetro, mineralógica por DRX, micromorfológica por MEV/SED, quantificação e identificação da matéria orgânica, respectivamente, pelo Método de Walkley-Black e FTIR, química total, carbono orgânico e inorgânico, isotópica do δ13C (na matéria orgânica e carbonato) e δ18O (em carbonato) e datação por radiocarbono. A sequência apresenta sedimentos de aspecto argiloso a silto-argilosos, em parte distribuídos por diferentes camadas, indicadas por variação na coloração (tons de marrons e cor cinza) destacando-se dois ciclos sedimentares que iniciaram a sua deposição há pelo menos 52.000 anos AP. São sedimentos predominantemente sílticos, com pouca areia fina e maior contribuição da fração argila com tamanho médio dos grãos variando de 9,6 a 52,3 µm e diâmetro médio (50%) em torno de 33 µm. São sedimentos constituídos por quartzo, opala, caulinita, goethita, siderita, anatásio, além de presença esporádica de gibbsita, barita, talco e/ou clorita, distribuindo-se na sequência de forma extremamente diferenciada. Espículas silicosas e amorfas (opala) de cauixi bem como indícios de diatomáceas, concentram-se nos 138 cm de sedimento mais recente. Os teores de matéria orgânica carbonosa (Corg) são elevados, variam de 3,39 a 89,6% com média de 49,08%, correspondentes aos altíssimos valores de PF, ou seja, 50 % dos sedimentos são constituídos de matéria orgânica carbonosa. A fração restante está representada por SiO2, Fe2O3, Al2O3 e TiO2 distribuídos ao longo da sequência com grandes variações nos teores bem como os teores de elementos-traços. Da mesma forma a quase ausência de K2O, P2O5, MgO e CaO, são também características intrínsecas dos sedimentos do pântano Mauritia. Essa composição química não guarda qualquer semelhança com a composição de rochas crustais e muito menos com os folhelhos, só encontram paralelo em formações de crostas lateríticos ferro-aluminosas. Os resultados isotópicos de 13C e 18O indicam, ao lado dos dados mineralógicos e do conteúdo de MO, que a sedimentação ocorreu em diferentes condições climáticas variando de semi-áridas a úmidas e quentes, constituídas por plantas fisiologicamente e ecologicamente distintas. Os dados sedimentológicos, mineralógicos, geoquímicos, radiocarbônicos e isotópicos permitiram concluir que a região de Carajás passou por mudanças climáticas acentuadas de semi-árida a úmidas e quentes a partir do Pleistoceno Tardio.