Avaliação geoquímica da contaminação por mercúrio dos sedimentos de correntes e solos do distrito mineiro de Zaruma-Portovelo, república do Equador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1996
Autor(a) principal: MALDONADO RAMIREZ, Roque Vicente
Orientador(a): RAMOS, José Francisco da Fonseca lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/14899
Resumo: São conhecidas ocorrências auríferas na área de Zaruma-Portovelo, Equador, desde o período pré-colombiano, mas só a partir do fim da década de 70 passou-se a desenvolver uma atividade de garimpagem bastante intensa. Os garimpeiros do setor realizam as atividades de exploração, explotação e beneficiamento do minério polimetálico utilizando técnicas rudimentares, o que causa a contaminação os rios, solo e atmosfera por mercúrio e outros metais pesados, além do cianeto. Ainda desmatam a área, pois utilizam madeira nas estruturas de segurança das galerias minerais. A jazida do distrito mineiro de Zaruma-Portovelo é de origem hidrotermal, polimetálica, ocorrendo num complexo de rochas vulcânicas andesíticas da Formação Celíca. O minério é composto pelos sulfetos pirita, calcopirita, galena, esfalerita e bornita, entre outros, além dos minerais de ganga quartzo e calcita. Os metais Cd, Zn, Pb e Cu são liberados a partir destes minerais. O mercúrio é de origem antropogênica, pois ele é usado na metalurgia extrativa do ouro, assim como o cianeto, que é utilizado numa segunda fase do processo de recuperação do ouro. O presente trabalho teve como objetivo a identificação e avaliação geoquímica e a descrição das atividades das fontes de poluentes, especialmente do mercúrio, através da coleta e análises de amostras de sedimentos de fundo, solos e rejeitos mineiros, além de fazer uma breve descrição das atividades do garimpo. Foi realizada uma campanha de amostragem no final da estação de estiagem, tendo-se coletado 26 amostras de sedimentos de fundo, 23 de solo e 4 de rejeitos. Em 5 pontos foram tomadas amostras de solo em perfis com intervalos de 2 cm até uma profundidade de 14 cm. Também foi realizado um estudo da distribuição dos metais nas diferentes frações granulométricas dos sedimentos. Em três pontos foram coletados amostras em triplicata para determinar a variabilidade dos resultados. As concentrações do Hg(total) em solos indicam que 83% das amostras estão acima do background (103ppb) com valores mínimos e máximos de 109 e 9.546 ppb e uma média de 662 ppb, sendo que as maiores concentrações ocorrem nas amostras às proximidades das fontes de emissão, que são os moinhos (plantas de beneficiamento). Em todos os perfis, verificou-se que os teores maiores ocorrem na sua parte superior, diminuindo gradualmente com a profundidade. Nos sedimentos de fundo além do Hg(total) foram analisados na fração trocável os elementos Pb, Zn, Cd e Cu, observando-se valores anômalos para todos estes valores anômalos se concentram principalmente nas drenagens dos rios Calera e Amarillo, após a junção com o rio Calera, que tem em suas margens a maioria das plantas de beneficiamento da área. Nas amostras de rejeitos de garimpagem foram observados teores elevados de Hg, Zn, Pb, Cd e Cu, confirmando que os processos de beneficiamento artesanais além de gerar poluição causam perdas econômicas, devido a baixa recuperação dos metais. Os testes para verificação das quantidades de mercúrio usadas pelos garimpeiros para a amalgamação mostram que 95 a 97% do mercúrio são liberados á atmosfera na etapa de queima do amálgama. O restante, é lançada em forma líquida nos solos e drenagens da área. Isto mostra a importância do desenvolvimento de uma política de educação dos garimpeiros, oferecendo novas alternativas e tecnologias para evitar a queima do amálgama ao ar livre, o que contribuiria grandemente à diminuição da contaminação por mercúrio.