Rochas geradoras da Formação Guia, Neoproterozoico do sul do Cráton Amazônico, região de Cáceres e Nobres, estado do Mato Grosso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: BEZERRA JUNIOR, Alexandre Castelo Branco lattes
Orientador(a): SILVA JUNIOR, José Bandeira Cavalcante da lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/10558
Resumo: Extensos mares epíricos instalados na porção oeste do Gondwana, no final do Neoproterozoico, foram influenciados pelo último evento glacial global Marinoano (635 Ma) ligado a hipótese de Snowball Earth. A rápida mudança nas condições de icehouse para greenhouse favoreceu o desenvolvimento de extensas plataformas carbonáticas na margem sudeste do Cráton Amazônico, num contexto de Bacia Intracratônica, invertida no início do Paleozoico. Nesta região, estão expostos os depósitos do Grupo Araras, que registram a evolução das plataformas carbonáticas pós-glaciais. O Grupo Araras é composto, da base para o topo, pelas formações Mirassol d’Oeste (capa dolomítica), Guia (capa calcária), Serra do Quilombo e Nobres. A Formação Guia, objeto deste estudo, tem a sua base interpretada como capa calcária com até 30 metros de espessura nas ocorrências sobre o Cráton e depósitos de plataforma com até 225 metros na Bacia Intracratônica. Esta unidade consiste em calcários micríticos e folhelhos transgressivos ricos em matéria orgânica apresentando excelentes exposições nas regiões de Cáceres e Nobres, Estado do Mato Grosso, consistindo nas seguintes fácies/microfácies: mudstone calcífero (Mc); wackestone com terrígenos (Wt); mudstone com instraclastos (Mi); e brecha calcária (Bc). Este monótono conjunto de fácies/microfácies foi interpretado como um paleoambiente de plataforma marinha rasa abaixo do nível de ondas de tempestades, na zona offshore, sob condições redutoras. Estilólitos e dissolution seams são frequentes nas microfácies Mc e Wt, assim como, a presença de betume e pirita preenchendo poros intercristalinos. A fácies Wt apresenta conteúdo de terrígenos acima de 10%, representados por grãos de quartzo e muscovita, ambos variando de silte a areia fina. A análise dos grãos de quartzo por catodoluminescência indicam proveniência de fontes ígneas e metamórficas de médio a alto grau. A quantidade anômala de terrígenos disseminados nas fácies micríticas, considerada uma inversão textural, sugere influxo siliciclástico de margens próximas da bacia condizentes com um contexto paleogeogr fico de mares epíricos proposto para o núcleo do Gondwana Oeste. A análisede Conteúdo Orgânico Total (COT) indicou na sucessão aflorante na região de Cáceres valores de COT entre 0,06% a 0,23%, enquanto na região de Nobres, os depósitos apresentam valores entre 0,05 e 0,27%, condizentes com acumulações neoproterozoicas ao redor do mundo (geralmente inferiores a 1%). Esta acumulação de hidrocarboneto, apesar de inviável economicamente, compõe um sistema petrolífero não-convencional denominado de Araras. De tal forma que a sucessão estudada (Fm. Guia) constitui a rocha geradora e reservatório deste sistema e os dolomitos da Formação Serra do Quilombo representam a rocha selante. São registradas pelo menos duas fases de migração de hidrocarboneto, associados aos eventos tectônicos no Ediacarano superior e início do Paleozoico, com a abertura das bacias do Parecis e Paraná.