A dinâmica discursiva no jornal escolar: a negociação de vozes em práticas de uso real da língua

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: GOMES, Sacha Emmanuelle de Sousa lattes
Orientador(a): FAIRCHILD, Thomas Massao lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Letras em Rede Nacional
Departamento: Instituto de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11017
Resumo: Nesta pesquisa, a partir de uma intervenção de pesquisa que visou o ensino de escrita para um jornal escolar, analisamos 11 textos jornalísticos escritos por alunos do 9º ano de uma escola estadual. Isso aconteceu depois de termos observado que as críticas que os discentes faziam em relação à escola não tinham espaço nos textos que escreviam nas aulas. Como forma de atender a esses dizeres não ouvidos, vimos a necessidade de investigar como os alunos, ao escreverem para o jornal escolar pensavam as experiências escolares e como incorporavam a palavra do outro, como a dos entrevistados, em seus textos. Pautamo-nos pela seguinte pergunta de pesquisa: como o aluno ao planejar e organizar as ideias, pesquisas e entrevistas, elabora construções textuais que incluem sua voz e a voz do outro no texto do jornal escolar? Tivemos como objetivo geral criar por meio de um jornal escolar um espaço para que o aluno use a palavra em práticas de uso reais da língua. Buscamos nos objetivos específicos: i) “Devolver a palavra” ao aluno tal como na expressão de Geraldi, para quem o texto deve ser construído com base em uma escrita real na qual o leitor do texto não seja apenas o professor, ii) Discutir como os alunos constroem pontos de vista sobre as situações vividas no espaço escolar e iii) Ensinar estratégias de gerenciamento de vozes tendo como base a intenção a ser alcançada, iv) Analisar os mecanismos linguísticos utilizados para a introdução da palavra do outro e negociação de vozes surgidas a partir do ensino do gerenciamento das vozes presentes no texto por intermédio de uma proposta de intervenção. Esta é uma pesquisa-ação que compreende uma perspectiva social da escola e outra que é a perspectiva discursiva da linguagem. Para a construção da primeira tomamos como base os teóricos Soares (2017), Geraldi (1993) e Apple (1995). Para a segunda, baseamo-nos nos teóricos Pêcheux (2014), Maingueneau (2014) e Authier-Révuz (2004). A metodologia de nossa intervenção incluiu a criação de um jornal escolar chamado “Jornal Tipití”, a instauração de práticas de escrita de textos para esse jornal, como a leitura e reescrita contínuas, às vezes em caráter voluntário. Em sala de aula, realizamos atividades voltadas para o ensino das formas de inclusão das palavras do outro no discurso que partiram da leitura de um texto, dando conta das interferências reais surgidas a partir dele. Os resultados mostraram que o texto escrito para o jornal escolar provocou diversas polêmicas na escola e a compreensão da inserção da voz do outro no texto contribuiu para um ensino e aprendizagem de escrita mais reflexivos no que diz respeito à intenção do texto escrito no Ensino Fundamental.